Três milhões de mortes anuais estão associadas a poluição atmosférica

 

O arquipélago da Madeira está entre as localidades do mundo onde os níveis de poluição do ar exterior são mais baixos, segundo o novo modelo da Organização Mundial da Saúde (OMS), ontem divulgado.

 

Este instrumento de medição interactiva “mostra os países onde estão os pontos perigosos da poluição atmosférica e fornece uma base para monitorizar os progressos no combate a este problema”, explicou a vice-directora adjunta da organização Flavia Bustreo, citada num comunicado.

 

A Madeira, tal como os Açores, estão bem cotados no mapa mundial da qualidade do ar, apresentando os valores mais baixos numa escala de seis em que se pautou o estado da OMS.

 

Os indicadores de poluição na Região estão no nível ‘verde’, com registos abaixo dos 10 microgramas de partículas em suspensão por metro cúbico de ar (ug/m3), ou seja, sem motivo para preocupação.

 

Ao contrário, por exemplo, do que acontece com Portugal Continental onde os valores sobem para níveis de 11 a 15 ug/m3 (’amarelo’), tal como Canárias, sendo que na ilha de Lanzarote os valores atingem o intervalo 16-25 ug/m3 (’laranja’ - o correspondente ao nível 3 na escala de 6), muito em resultado da proximidade do continente africano e da exposição à influência das areias do deserto.

 

O estudo apresenta dados por país e conclui que quase 90% das mortes associadas à poluição atmosférica acontecem nos países de baixo e médio rendimento e quase dois terços estão nas regiões do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.

 

É também nos países de baixo e médio rendimento que se verifica uma falha na monitorização e registo dos poluentes atmosféricos, especialmente em África e na Ásia, alerta a OMS, que considera crucial reforçar a capacidade das cidades de verificar a qualidade do seu ar com modelos padronizados, instrumentos de qualidade.

 

Os autores do relatório sublinham ainda ser necessário mais estudos epidemiológicos sobre os efeitos de longo prazo nos países pobres, onde a poluição atinge “níveis inaceitáveis”.

 

Os números têm por base medições através de satélite, modelos de transporte aéreo e estações de medição da poluição atmosférica em mais de 3.000 localidades, tanto rurais como urbanas, e o estudo foi desenvolvido pela OMS em colaboração com a Universidade de Bath, no Reino Unido.

 

92% da população mundial respira ar poluído

 

Com recurso a um novo modelo de avaliação da qualidade do ar, a organização (OMS) confirma que mais de nove em cada dez humanos vivem em locais onde a qualidade do ar exterior excede os limites definidos.

 

Três milhões de pessoas morrem todos os anos por causas associadas à poluição do ar exterior, alertou a OMS, que estima que 92% da população mundial respira ar poluído.

 

A poluição do ar é por isso o maior perigo ambiental para a saúde, sublinha a OMS no relatório “Poluição do ar ambiente: Uma avaliação Global da Exposição e do peso da doença”.

 

A grande maioria (94%) das causas de morte associadas à poluição do ar são doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, doença pulmonar obstrutiva crónica e cancro do pulmão.

 

Entre as maiores fontes de poluição atmosférica estão meios de transporte ineficientes, combustível doméstico, queima de resíduos, centrais a carvão e actividades industriais. Mas nem toda a poluição atmosférica tem origem humana, alerta a OMS, exemplificando com as tempestades de areia, que também influenciam a qualidade do ar.

 

Ricardo Duarte Freitas

 

Fonte: Diário de Notícias