Tem aumentado o número de internamentos por causa do consumo de drogas, em especial as sintéticas, na Casa de Saúde de São João de Deus, na Madeira. “O problema das drogas é o que mais nos preocupa, principalmente juntos dos jovens”, disse Eduardo Lemos, o diretor da instituição, ao Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, que esta quarta-feira visitou o estabelecimento de saúde mental, situado na freguesia de Santo António, no Funchal, e que recebe por ano quase duas centenas de doentes toxicodependentes.

 

O problema das drogas sintéticas começou a ser mais sentido na Região em 2012, ano em que a Casa de Saúde São João de Deus acolheu 206 consumidores para tratamento. Com o encerramento das ‘smart-shops’ o número de casos diminuiu, mas no ano passado voltou a dar sinais de crescimento. 178 toxicodependentes foram acompanhados pelos técnicos da instituição, em 2019. No ano passado, a unidade de psiquiatria aguda recebeu cerca de 600 pessoas, quase um terço dos casos de internamento teve a ver com o consumo de drogas.

 

A Casa de Saúde S. João de Deus – Funchal, tem várias áreas de intervenção: Psiquiatria Aguda, Psiquiatria de Médio e Longo Internamento, Psiquiatria e Saúde Mental de Longo Internamento, Alcoologia, Reabilitação Psicossocial Residencial, Reabilitação Psicossocial Ocupacional e Apoio Domiciliário.

 

José Manuel Rodrigues salienta que “é extraordinário o trabalho que esta instituição da igreja tem feito ao serviço da saúde mental na Região, quer na psiquiatria aguda, quer na área da alcoologia e da recuperação de pessoas com graus de dependência elevados, quer na toxicodependência e nas novas drogas sintéticas, quer no apoio domiciliário que aqui faz à volta da instituição, quer agora também numa área nova que é a área das demências onde já tem várias pessoas internadas, e com o envelhecimento da população a tendência será para esta área aumentar e desenvolver-se”.

 

Pela unidade de alcoologia passam em média, por ano, cerca de 300 pessoas, de ambos os géneros, para um plano de tratamentos de 28 dias que tem tido “taxas de sucesso boas”, vincaram os técnicos.

 

Esta visita do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira aconteceu na véspera do dia em que se assinala os 10 anos após a tragédia do “20 de fevereiro”. Nesta zona de Santo António morreram 15 pessoas e no dia da tragédia a Casa de Saúde de São João de Deus acolheu 150 pessoas, 75 delas ficaram a viver na instituição durante três meses e meio, “o que é naturalmente de enaltecer” vincou José Manuel Rodrigues.

 

O Presidente do Parlamento apelou ainda ao apoio, por parte das instituições regionais, do projeto que visa criar o Centro de Recolhimento do Bom Jesus. José Manuel Rodrigues garante que “como Presidente da Assembleia farei tudo o que estiver ao meu alcance para que esta instituição continue na senda do bom trabalho que tem vindo a efetuar e sobretudo que esse sonho de concretizar uma casa para aqueles que não têm casa, no centro do Funchal, possa vir a ser uma realidade.”

 

A Casa de Saúde São João de Deus foi inaugurada oficialmente a 10 de agosto de 1924, mas o projeto começou a ser desenvolvido pela Ordem Hospitaleira São João de Deus, em 1922, há 98 anos.

 

Por ano passam quase mil pessoas pela instituição, que tem uma capacidade para alojar em regime de internamento cerca de 320 doentes.

 

A Casa de Saúde São João de Deus tem 160 colaboradores, mais de duas dezenas de voluntários e 6 médicos psiquiatras a tempo inteiro o que a torna a maior unidade de saúde mental da Madeira.

 

A visita do Presidente do parlamento insere-se no projeto “Parlamento Mais Perto Social”, que regularmente percorre as instituições Particulares de Solidariedade Social da Região com o objetivo de conhecer melhor e “dar a ver” aos madeirenses o trabalho desenvolvido por estas instituições.

 

In “Diário de Notícias”