Estamos num mundo em que “as marcas têm mais poder do que os Estados”, diz Pedro Graça, o responsável pela promoção da alimentação saudável em Portugal. A comida é vendida barata (170% abaixo do seu custo real, indicam alguns estudos), mas os consumidores pagam-na por outras vias. Quais são elas?

 

De que falamos quando falamos do custo real de um alimento? Se há, por um lado, os custos de produção, há, por outro, os custos ambientais e sociais que lhe estão associados — mas nem uns nem os outros se reflectem no preço que pagamos por ele.

 

Comecemos pela saúde. “A má alimentação é a principal responsável por termos anos de vida com doença e esses anos têm um custo”, diz Pedro Graça, responsável pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direcção-Geral da Saúde. “Podemos perguntar: os custos são assim tão elevados? São. São enormíssimos. Só para termos uma ideia: temos um milhão de diabéticos, perto de três milhões de pessoas com problemas de pressão arterial elevada, mais de metade da população (5,9 milhões) com excesso de peso. Se começarmos a somar, vai quase nos dez milhões.”

 

Uma população doente, portanto. E consegue-se calcular quanto custa tratá-la? É muito difícil, reconhece Pedro Graça, porque, apesar de se saber que a alimentação contribui muito para estas doenças, elas devem-se a múltiplos factores, no meio dos quais “é complicado perceber onde reside o custo da obesidade ou da inactividade física”.

 

Sabe-se, contudo, que os portugueses comem em média oito gramas de sal por dia quando o recomendado é cinco. “Os três milhões de hipertensos consomem hipertensores. Calcula-se que os custos rondem os 180 milhões de euros. Se somarmos os antidiabéticos, os reguladores de glicemia e uma série de produtos que temos para estas patologias, conclui-se que mais de 70% dos recursos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) são alocados a estas doenças.”

 

A nível europeu, existe um projecto de cálculo da pegada dos produtos, baseado no ciclo de vida de cada um, mas não é fácil transformá-lo, por enquanto, num sistema de leitura simples para quem vai a um supermercado VERA MOUTINHO

 

Faria, então, sentido que esse custo se reflectisse no preço dos alimentos? Mais uma vez, a questão é complexa. “É difícil o cálculo porque não podemos associar o alimento A à doença B”, explica Pedro Graça.

 

O mesmo acontece com os custos ambientais e o cálculo da pegada ecológica de um alimento — que, medindo solos, água e outros recursos utilizados, a absorção dos resíduos provocados e ainda a capacidade da Terra de regenerar os recursos naturais, é bastante mais complexo que o da pegada hídrica, relativa à quantidade de água doce utilizada para a produção dos alimentos, e à pegada de carbono, que mede as emissões de gases com efeito de estufa durante o ciclo de vida de um alimento.

 

 

 

“Não é, de facto, um processo simples”, concorda Susana Fonseca, da associação Zero, empenhada no desenvolvimento sustentável em Portugal. “Na produção de um alimento, estamos a falar da utilização de muitos recursos, o solo, a água, a energia, os fertilizantes, a maquinaria, as sementes.”

 

 

 

Existe já, a nível europeu, um projecto de cálculo da pegada dos produtos, baseado no ciclo de vida de cada um, mas não é fácil transformá-lo, por enquanto, num sistema de leitura simples para quem vai a um supermercado comprar um alimento.

 

 

 

É preciso, para começar, separar o preço da produção do dos custos ambientais. Joana Macedo, agricultora biológica da Quinta do Poial, em Azeitão, é alguém que tem as mãos na terra e sabe detalhar o que lhe custa cultivar cada cenoura ou cada rabanete. Mostra-nos uma minicenoura roxa que acaba de arrancar da terra. “Esta, por exemplo, tem uma semente muito cara. Já está semeada desde Novembro, já levou três mondas, com pessoas que estão aqui nos canteiros a apanhar ervas daninhas. Um canteiro deste tamanho ronda os 25/35 euros só de estrume para cada linha.”

 

O que a indigna é o facto de “as pessoas não terem a noção real do preço das coisas”. No Poial, trabalham três pessoas a tempo inteiro, a que são pagos os ordenados e a segurança social. “Tudo isto requer mão-de-obra, semear, esperar que cresça, regar, eu aqui gasto no Verão entre 800 e 1000 euros por mês só em electricidade. O preço tem de ir para o produto. Somos capazes de dar dinheiro por um telemóvel com funções que nem vamos usar, ou por roupa de marca, mas, naquilo que vamos comer, achamos que devemos pagar o mais barato.”

 

A embalagem e o produto

 

Se alguns produtos biológicos são mais caros, isso acontece, segundo Joana Macedo, “porque integram os custos reais”. Jaime Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio), sublinha que o biológico nem sempre é mais caro, sobretudo quando compramos produtos nas épocas próprias. “Não é necessariamente mais caro. Falta é conhecimento, informação, faltam técnicos que saibam aconselhar. A formação é deficitária. Os custos mais elevados são na fase inicial, quando se está a aprender e os terrenos também estão a aprender.” O processo pode demorar uns quatro ou cinco anos porque primeiro é preciso “promover a fertilidade do solo, é preciso juntar adubos orgânicos e isso tem custos”, mas ao fim de algum tempo esses custos vão-se tornando menores.

 

Susana Fonseca, da Zero, soma ainda à produção agrícola os custos ambientais, que, sublinha, são maiores na agricultura convencional: “Da panóplia de produtos que temos à nossa disposição, o sector agrícola é aquele em que é maior a diferença entre o que pagamos quando compramos um produto e o preço real da produção, com o impacto nos vários ecossistemas. Estudos internacionais indicam que pagamos 170% abaixo daquele que seria o custo real se integrássemos o impacto da agricultura.”

 

 “O alimento tem um preço”, sublinha Pedro Graça. “O que aconteceu nos últimos 30, 40 anos foi que nos habituámos a pagar pouco pela comida que consumimos. Dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que, proporcionalmente, gastamos cada vez menos do nosso orçamento em comida.”

 

Pedro Graça: “O que aconteceu nos últimos 30, 40 anos foi que nos habituámos a pagar pouco pela comida que consumimos." VERA MOUTINHO

 

Um dos problemas, argumenta Susana Fonseca, é que “a agricultura é dos sectores mais subsidiados da economia e é por essa via que conseguimos ter produtos baratos, há os que lucram e o país fica contente porque aumentou as exportações, mas de produtos que estão muitas vezes a prejudicar o solo e a água com os químicos e fertilizantes utilizados”.

 

A activista defende que era importante “o Ministério da Agricultura ter outra postura, maior proximidade com os agricultores, mais formação no sentido de capacitar quem está no terreno, quem vai produzir os alimentos que consumimos, para ter as ferramentas que lhe permitam usar cada vez menos fitofármacos, menos água, respeitar o solo”. (O P2 pediu para este trabalho uma entrevista com o ministro da Agricultura, mas tal não foi possível.)

 

Vivemos “com a falsa percepção de que a comida é barata”, prossegue Pedro Graça. Uma percepção que é reforçada pelos preços que encontramos em muitos produtos nas prateleiras das mercearias ou dos supermercados. Isso explica-se porque muitos alimentos, sobretudo os que são produzidos em escala industrial, conseguem ter efectivamente um custo de produção mais baixo.

 

Há um fenómeno perverso neste sistema. Pedro Graça, novamente: “Com a industrialização, é possível adicionar propriedades organolépticas ao produto. Como? Com três ingredientes: açúcar, sal e gordura. E são ingredientes que conseguem também ser conservantes, permitem ter o produto mais tempo na prateleira, estraga-se menos e pode ser mais barato.”

 

Entra depois em cena um outro elemento essencial: a publicidade. “Adicionámos coisas nutricionalmente pouco interessantes, estragámos produtos, mas eles valorizaram-se, ganharam margem de lucro para poderem ser publicitados. Então temos produtos que são água com açúcar e que têm uma capacidade de publicidade enorme comparada com uma fruta com açúcar natural. Temos água com açúcar com marca versus maçã sem marca.” Conclusão? “A maioria do que estamos a pagar é publicidade. Às vezes, tenho quase a certeza de que o custo da embalagem é maior do que o do produto que está lá dentro. É muito difícil fugir disto.”

 

Até porque a publicidade surge em todo o lado. “Uma criança está em casa a fazer um jogo didáctico de matemática que tem os botões da mesma cor da marca que patrocinou o jogo e eles vão comprar essa marca sem se aperceber que foram manipulados enquanto estudavam matemática.” Perante isto, deixa uma pergunta: “O que é que podemos fazer num mundo global em que as marcas têm mais poder que o Estado?”

 

O “preço escondido”

 

Susana Fonseca também identifica claramente alguns dos maiores obstáculos. “A nível europeu, o lobby da agricultura é fortíssimo, não só na cadeia de produção mas na de transformação e na dos produtos usados na agricultura, os fitofarmacêuticos.”

 

Um relatório do Sustainable Food Trust (disponível no site desta ONG britânica) sobre o “custo escondido dos alimentos no Reino Unido” conclui que cada consumidor está a pagar duas vezes o que come, tendo o “preço escondido” o mesmo valor que o preço pago.

 

Como é que é calculado esse preço invisível? Somando os custos ligados à poluição e perda de biodiversidade, aos serviços de saúde, aos apoios à agricultura e aos bens importados. E como é que os pagamos? Segundo o relatório, através dos seguros de saúde privados, dos impostos ambientais, das taxas sobre a água e dos custos de medidas para mitigar a poluição e o aquecimento global.

 

Começam também a surgir, em alguns países, outras formas de pagar, ou compensar, esses custos indirectos. Pedro Graça refere o peso que as doenças ligadas à alimentação têm para o SNS, mas lembra também que os seguros individuais de saúde já incorporam essa lógica dos custos. “Se eu fumo e tenho um risco maior, ou se tenho peso a mais e um risco quantificável no futuro, e se estes são factores que posso evitar”, isso pode reflectir-se no custo do seguro.

 

O tema é polémico (até porque há factores genéticos que não podem ser imputados ao estilo de vida), tal como é polémico o da taxação — como se viu recentemente em Portugal com o debate em torno do imposto sobre bebidas açucaradas (aprovado) ou do imposto sobre o sal (que o Governo deixou “cair”).

 

Pedro Graça não tem dúvidas sobre as vantagens deste tipo de impostos. “Há uma visão de que o Estado procura aí dividendos económicos.” O facto, diz, é que esse dinheiro que é arrecadado tenderá a ser cada vez menos por um bom motivo: “As empresas que vendem estes produtos não têm interesse em vê-los penalizados e vão criar uma oferta com cada vez com menos açúcar para continuarem a fazer negócio. Daqui a quatro ou cinco anos essas taxas deixam de ter interesse para o Estado mas, entretanto, milhares de toneladas de açúcar desapareceram e provavelmente mudaram-se hábitos alimentares.”

 

Esta desejável mudança de hábitos alimentares é algo que se tenta conseguir também através de campanhas de sensibilização, mas esse é um processo lento. “Durante muitos anos, as políticas alimentares para mudar comportamentos basearam-se na ideia de que bastava colocar a responsabilidade nos ombros dos consumidores, informando-os.”

 

 “Na produção de um alimento estamos a falar da utilização de muitos recursos, o solo, a água, a energia, os fertilizantes, a maquinaria, as sementes”, lembra Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero VERA MOUTINHO

 

O que aconteceu foi que a população mais informada absorveu a mensagem e a que tinha menos capacidade económica e menos conhecimento “tornou-se a mais doente”. Hoje, diz Pedro Graça, em Portugal, “os mais pobres são os mais doentes”. Foi a constatação desta realidade, “que não devia acontecer no século XXI”, que levou “a maior parte dos países europeus a introduzir legislação no sentido de modificar os hábitos alimentares.”

 

Muita gente continua a irritar-se com isso, considerando que o Estado está a envolver-se em assuntos do foro privado. “Eu creio que a esse nível tem de haver alguma intervenção do Estado.” E defende, como exemplo a esse nível, a obrigatoriedade de haver pontos de água numa universidade ou numa praia — antes tinha-se indignado com o preço que se paga por uma garrafa de água na praia e da “quantidade enormíssima de plástico que fica nos oceanos” — ou de retirar as máquinas de venda de bolos dos hospitais. “Os tais milhões de portugueses estão a ouvir no consultório que não devem comer uma coisa e, mal saem da consulta, o mesmo Estado que paga ao profissional de saúde para lhes dizer aquilo oferece ao cidadão a outra.”

 

Acredita, contudo, que “o nicho das pessoas preocupadas” com estas questões está a aumentar. “Acho que o cidadão é um ser político quando come e a indústria alimentar ainda não se apercebeu de que está a reagir muito lentamente a esta noção de que o cidadão começa a protestar através dos alimentos.”

 

Ao mesmo tempo, as superfícies comerciais apostam em promoções e preços baixos, lembra Susana Fonseca. “Passam a mensagem de que um quilo de batatas custa menos do que custava há três anos. Esta ideia de termos preços mais baixos do que no ano anterior não se adequa a uma sociedade em que a vida deve melhorar.”

 

E o problema não é apenas para quem vive hoje — é para as gerações futuras. “Temos o dever ético de deixar as condições para que as gerações futuras possam viver com qualidade. E é isso que estamos a pôr em causa. Não temos capacidade para destruir o planeta, mas temos a capacidade para destruir as características que este planeta tem para albergar vida. A nossa e a de outras espécies. Isso temos.”

 

O que é que o meu bife tem a ver com as alterações climáticas?

 

Chove menos hoje do que chovia no passado e as previsões indicam que, no futuro, irá chover ainda menos. Por outro lado, há ondas de calor e chuvadas intensas. Que impacto têm as alterações climáticas na forma como nos alimentamos?

 

 “As alterações climáticas trazem um aumento de temperatura, as ondas de calor são frequentes e as culturas agrícolas são sensíveis as essas ondas de calor”, explica Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS) e foi coordenador do projecto SIAM sobre os impactos das alterações climáticas em Portugal.

 

 “Sobretudo no Sul da Europa, onde nos encontramos, a precipitação anual está a reduzir-se em média. Os agricultores confrontam-se com o problema de terem menos água, mas também com fenómenos extremos, chuvadas muito intensas, que deixam os campos alagados”, descreve. Quando uma dessas ondas de calor afecta particularmente um país que é um grande produtor de cereais, por exemplo, como já aconteceu com a Rússia, “isso provoca uma subida de preços enorme em todo o mundo”. Conclusão? A agricultura é “profundamente afectada” pelas alterações climáticas.

 

Por outro lado, a produção agrícola é também responsável por essas alterações — em grande parte por causa da pecuária. “Os ruminantes, em particular as vacas, têm uma fermentação entérica que produz grandes quantidades de metano, um gás com efeito de estufa cujas emissões aumentaram muito e que tem um poder de aquecimento global muito grande”, afirma Filipe Duarte Santos.

 

Isso significa que, se alterarmos a forma como nos alimentamos, podemos ajudar a reduzir fenómenos como o efeito de estufa? “Sim, sobretudo no que respeita à carne de vaca. As coisas já são um pouco diferentes quando falamos do porco ou da galinha.” O problema é que o mundo parece estar a caminhar precisamente na direcção oposta. “Tem havido uma transição significativa na dieta alimentar mundial, hoje come-se muito mais carne. Na China, por exemplo, onde se comia sobretudo galinha e porco, hoje há cada vez mais pessoas a comer vaca.”

 

Se estudarmos o impacto ambiental da carne de vaca, concluímos que para termos um quilo de bife gastamos 15.500 litros de água, emitimos 16kg de gases com efeito de estufa, usamos 7,9 metros quadrados de solo e seis quilos de ração. Comparemos com a produção de um quilo de cereais, que gasta 1600 litros de água, produz 0,8 kg de gases com efeito de estufa e usa 1,5 metros quadrados de terreno, e nenhuma ração. O que acontece é que produzimos muitos cereais para alimentar animais que depois comemos — e calcula-se que para um quilo de carne de vaca são precisos entre sete quilos de ração (numa galinha, a taxa de conversão é de dois para um).

 

De acordo com o Mediterranean Ecological Footprint Report de 2015, entre os países do Mediterrâneo, Portugal é aquele que tem uma maior pegada alimentar. O que é que isto significa? Que é o país com maior consumo de proteína animal, sobretudo de peixe (há outros em que o consumo de carne é superior).

 

E dados da Global Footprint Network mostram que a pegada ecológica (não apenas a alimentar, mas o gasto de água, solo e outros recursos naturais) de Portugal excede em 190% a biocapacidade do país (que mede até que ponto ele é capaz de continuar a produzir os recursos naturais consumidos pela respectiva população e a absorver os resíduos gerados).

 

Voltemos à carne e ao seu impacto. Apesar de a de porco ser ainda a mais produzida e consumida por todo o mundo, há previsões que indicam que, até 2030, será ultrapassada pela de galinha e a de vaca. Diz Filipe Duarte Santos: “As pessoas falam sobre as alterações climáticas, mas muitas não se consciencializam de que cada uma delas tem influência sobre este problema e pode fazer a diferença. Pensam sempre: ‘Que diferença faz eu estar a comer este bife, quando há imensas pessoas ao meu lado no restaurante a comer bife e há milhares de restaurantes no mundo com pessoas a comer bifes?’” Mas, sublinha, uma das coisas que se podem fazer para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa é precisamente comer menos carne.

 

Existem mapas que mostram os impactos que as alterações climáticas já estão a ter em algumas zonas do mundo — África em primeiro lugar, mas também Ásia e um pouco na América do Sul. E Portugal? “Há um gráfico bastante impressionante do Ministério da Agricultura que mostra a área cultivada de cereais de sequeiro [os que não são regados], que se tem reduzido muito.”

 

Uma das situações que este especialista considera mais preocupantes é a do montado. “É um ecossistema notável, construído pelo homem, formado essencialmente por sobreiros, as azinheiras, tem os porcos, que comem a bolota. Esse ecossistema está em perigo, não para já, mas para o final do século. Hoje em dia já se vê no Alentejo muitos sobreiros a morrer, atacados por uma praga para a qual, tudo indica, o stress hídrico [procura de água maior do que a oferta] tem contribuído.”

 

Há medidas que podem ser adoptadas para proteger o montado, “mas à medida que o clima vai aquecendo é uma luta contra o tempo, e tem custos”. Mas Filipe Duarte Santos não está totalmente pessimista. “Havendo água e Sol, temos tecnologia para produzir alimentos com abundância, o problema é de onde vem a água.” Nesse aspecto, Israel pode ser um bom exemplo. “Parte do país é como se fosse o Alentejo e a sul há o deserto do Neguev, mas 86% da água usada no regadio vem da reutilização das águas residuais urbanas.”

 

Há vários caminhos possíveis, mas, conclui Filipe Duarte Santos, “é um desafio muito grande e os sinais que o mundo dá são contraditórios”. Veja-se a política da Administração Trump nos Estados Unidos: “Está a desenvolver a indústria do carvão, que é a negação do esforço que está a ser feito no resto do mundo.”

 

In “Saúde Online”