Na próxima quarta-feira, dia 16, realiza-se mais um rastreio nos Marmeleiros

 

 

No ano passado, o Serviço de Dermatologia do Serviço de Saúde da Região (SESARAM) diagnosticou um total de 23 melanomas, o mais preocupante tipo de cancro de pele. Segundo Anabela Faria, médica dermatologista e directora do referido serviço hospitalar, o número pode parecer elevado mas está naquela que é a prevalência nacional do melanoma e que ronda os 10 casos por cada 100 mil habitantes.

 

Mesmo assim, não se pode baixar os braços à prevenção e nunca é demais recordar os cuidados a ter com a pele, assim como com a importância do diagnóstico precoce sobretudo no caso dos melanomas. É com o objectivo de diagnosticar precocemente cancros cutâneos que o Serviço de Dermatologia do SESARAM volta a associar-se ao Dia do Euromelanoma, que este ano se assinala na próxima quarta-feira, dia 16 de Maio, com a realização de uma jornada de rastreios gratuitos que vão decorrer no Hospital dos Marmeleiros (vide destaque).

 

Anabela Faria recorda que há já vários anos que o SESARAM se associa a esta iniciativa, sendo de salientar que na actividade do ano passado, entre as várias dezenas de centros participantes no Dia do Euromelanoma, o Serviço de Dermatologia localizado no Hospital dos Marmeleiros foi aquele que maior número de doentes recebeu: 117.

 

Entre estes utentes, a médica dermatologista adianta que foram detectadas suspeitas de 15 basaliomas e 2 carcinomas espino-celulares. Não houve suspeitas de melanomas no rastreio do ano passado, mas os diagnósticos daquele que é o mais grave e mais mortal cancro cutâneo continuam a aumentar gradualmente todos os anos, muito por força das pessoas estarem, cada vez mais sensibilizadas para a importância do diagnóstico precoce. “Cada vez mais vemos doentes com cancro de pele”, diz Anabela Faria. “As pessoas estão mais atentas”.

 

Mas curiosamente, parece ser nos melanomas que mais descuram os sinais, sobretudo porque é neste tipo de cancro que interessa diagnosticar numa fase muito inicial, ou seja, quando tem uma espessura microscópica inferior a um milímetro.

 

Por isso é fundamental, sobretudo no caso das pessoas com fototipo mais claro, com muitos nevos (sinais), que notem alterações nos sinais (cor, tamanho, etc) e que tenham casos de cancro de pele na família (factor genético) que façam regularmente o auto-exame ou que recorram regularmente ao médico.

 

É por isso a directora do Serviço de Dermatologia sublinha que refere que o rastreio anual no âmbito do Dia do Euromelanoma é importante, não só para detectar lesões, mas também para termos uma oportunidade de realizar foto-educação, algo que é feito sobretudo pela equipa de enfermagem que acompanha a iniciativa e que está encarregue de realizar um questionário a cada utente que serve para analisar o comportamento de cada um perante a exposição solar. “No rastreio também damos conselhos em termos de foto-protecção”, sublinha.

 

Até porque os conselhos e as acções de sensibilização nesta área nunca são demais. “Se as queimaduras solares se repetirem ao longo da vida, a probabilidade das pessoas virem a ter um melanoma é muito elevada”, salienta a médica dermatologista, acrescentando que “mesmo as pessoas de pele mais morena, que se bronzeiam facilmente, não estão livres de ter um melanoma ou um cancro de pele não melanoma que tem uma taxa de cura de 99%”.

 

É por essa razão que os cuidados devem começar bem cedo. Por exemplo, para as crianças com menos de um ano deidade, a exposição solar directa é completamente desaconselhada. “E até aos 3 anos tem de haver um cuidado extremo na protecção das crianças e nas horas de exposição à radiação”, refere.

 

Mas mesmo depois disso, não podemos descurar os cuidados com o sol. Há sempre a necessidade de utilização de roupa protectora, o recurso a protectores solares com factor de protecção 50 e a que se evitem ao máximo as horas de maior perigo de radiação (entre as 11 e as 17 horas). “Os efeitos do sol são cumulativos e a longo prazo”, explica Anabela Faria. Logo, os efeitos de uma exposição desregrada à radiação solar só são visíveis 10, 15 ou mesmo 20 anos depois.

 

Quanto à importância da exposição solar para fazer a síntese de vitamina D tão necessária para o organismo, Anabela Faria rejeita liminarmente algumas práticas que têm vindo a ser recomendadas e que aconselham a exposição solar no ‘pico de sol’. A directora do serviço de Dermatologia do SESARAM sublinha que para que o organismo faça a síntese de vitamina D são apenas necessários 20 minutos diários de exposição solar numa área pequena não protegida por protector solar, como as mãos e antebraços.

 

In “Diário de Notícias”