A Liga Portuguesa Contra o Cancro lançou a campanha “Há Cancros que podem ser prevenidos” para sensibilizar para o Papílomavírus Humano (HPV) que pode ser causa do cancro do colo do útero e pode afetar homens e mulheres em qualquer idade.
O HPV afeta 20% das mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos e é responsável por lesões que podem evoluir para cancro do colo do útero, do ânus, pénis e vagina.
O vírus, transmitido através de qualquer tipo de contacto sexual/genital ou oral, “não escolhe idade e não é um problema exclusivamente feminino, os rapazes também estão expostos ao vírus”, refere Carlos de Oliveira, presidente do Núcleo Regional Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC – LPCC).
Com o objetivo de educar e sensibilizar a população para as doenças associadas à infeção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e para a prevenção, a Liga Portuguesa Contra o Cancro lançou a campanha “Há Cancros que podem ser prevenidos”. Através do website www.hpv.pt, jovens e adultos poderão aceder a informação completa e detalhada sobre o que é o HPV, os tipos de cancro e doenças provocadas pelo vírus, sintomas, grupos de risco e formas de prevenção.
Carlos de Oliveira salienta que o vírus “não dá sintomas nem na mulher, nem no homem”. Os sintomas podem acontecer apenas em situações em que o vírus provoca lesões como verrugas ou condilomas e “que nada têm a ver com o cancro porque não são perigosas. Podem causar um certo prurido, comichão”.
O preservativo é um método de prevenção de transmissão do HPV, mas não é o mais eficaz. A vacina, a mais recente disponibilizada no mercado com uma proteção de 92%, apresenta-se como a melhor solução para prevenir a propagação do vírus. O presidente do NRC – LPCC destaca a importância da vacina, que pode ser administrada em qualquer idade. “A vacina não é exclusivamente para miúdas com 10 anos. Qualquer mulher pode e deve fazer a vacina em qualquer idade”, disse, concluindo que “as pessoas não vacinadas podem fazer, e devem, rastreio do cancro do colo do útero”.
O teste de rastreio até ao momento é a citologia, conhecido como “papa Nicolau”, mas as sociedades científicas preconizam cada vez mais a utilização de outro teste. A recolha da amostra para análise é feita de forma semelhante à citologia, mas a análise laboratorial é diferente. Com isto pretende-se “diminuir os casos de falsos resultados porque a citologia tem uma percentagem elevada”.
Mais informação sobre o Papílomavírus Humano (HPV):
O HPV é um vírus muito frequente. É facilmente transmitido por contacto genital, sendo o principal agente responsável por infeções genitais em homens e mulheres;
Estima-se que o vírus possa afetar até 80% das pessoas sexualmente ativas;
Existem mais de 120 tipos de HPV, dos quais 40 afetam preferencialmente os órgãos genitais (vulva, vagina, colo do útero, pénis e ânus);
Dividem-se em tipos de alto e baixo risco, em função das doenças que causam;
Nos HPV de alto risco, incluem-se os tipos 16 e 18, que são responsáveis por 75% das lesões mais graves (cancerosas);
Nos HPV de baixo risco, estão incluídos os tipos 6 e 11, que são os responsáveis pela maioria das doenças benignas causadas pelo HPV (mais frequentes: verrugas genitais);
Estima-se que 75 a 80% das pessoas sexualmente ativas tenham contacto com o vírus em alguma altura das suas vidas;
Na maioria das vezes, a infeção pelo vírus não tem qualquer sintoma e mesmo quando a doença já está instalada, poderá ser assintomática;
Na maior parte dos casos, a infeção desaparece espontaneamente ao fim de 1 a 2 anos, mas nos casos em que não é eliminado, a infeção pode progredir para doença;
As mulheres que não foram vacinadas no âmbito do Programa de vacinação nacional (+ de 26 anos) também têm risco de contrair doença;
Apenas a vacinação protege os rapazes e homens de desenvolver esta doença.
In “Jornal Económico”