As crianças entre os 5 e os 13 anos devem dormir pelo menos nove horas por noite e os adolescentes entre os 14 e os 17 anos devem dormir pelo menos oito horas.

 

Os pais que cumprem uma hora de deitar fixa e que impõem regras para as rotinas nocturnas podem ter uma maior probabilidade de os seus filhos dormirem o suficiente durante a semana do que as pessoas que são mais descontraídas em relação à hora de deitar das crianças, sugere um estudo canadiano.

 

Segundo as linhas orientadoras do Canadá em relação ao sono, as crianças entre os 5 e os 13 anos devem dormir pelo menos nove horas por noite e os adolescentes entre os 14 e os 17 anos devem dormir pelo menos oito horas. Neste estudo, os investigadores examinaram dados de inquéritos feitos a 1622 pais que tinham pelo menos um filho nestas faixas etárias e descobriram que as crianças tinham mais 59% de probabilidade de cumprir estas recomendações mínimas durante a semana quando os pais impunham uma hora de deitar específica do que quando não faziam isto.

 

 “O efeito positivo de impor regras sobre a hora de deitar nos dias de semana pode reflectir expectativas parentais mais alargadas, uma estrutura da hora de deitar ou a natureza proactiva de estabelecer regras”, disse a autora sénior do estudo, a Dr.ª Heather Manson do instituto Public Health Ontario de Toronto.

 

Avisar não chega

 

O estudo também descobriu que encorajar os miúdos só com avisos sobre a hora de deitar pode não funcionar como os pais esperam. Quando os pais usavam apenas avisos sobre a hora de dormir sem impor regras, as crianças tinham menos 71% de probabilidade de dormir as horas mínimas de sono recomendadas durante a semana.

 

 “Nos dias de semana, impor regras sobre a hora de dormir e não fazer avisos era conducente a que as crianças dormissem o suficiente”, disse Manson, por email.

 

 Dependendo da idade da criança, a proporção dos pais que afirmavam que os filhos cumpriam as linhas orientadoras do Canadá em relação ao sono estava entre os 68% e os 93% nos dias de semana e entre os 49% e os 86% ao fim-de-semana.

 

O número de crianças que dormia as horas mínimas de sono recomendadas aumentava entre os 5 e os 9 anos mas depois diminuía entre os 10 e os 17 anos, de acordo com os resultados publicados na revista científica BMC Public Health.

 

Os adolescentes de 15 anos apresentavam a maior variação do sono entre os dias de semana e fins-de-semana, com menos 38% das crianças a cumprir o mínimo recomendado de descanso aos fins-de-semana do que nos dias de semana.

 

 No geral, cerca de 94% dos pais indicaram que encorajavam os filhos a irem para a cama a uma hora específica e cerca de 84% indicavam que impunham regras sobre a hora de deitar.

 

O estudo descobriu que impor regras é mais eficaz do que simples avisos, mesmo depois de ajustar factores como a idade e o sexo da criança, os rendimentos familiares, a educação dos pais e outras regras como restringir o tempo de utilização de ecrãs e tecnologia no quarto.

 

Uma das limitações do estudo é que este dependeu de os pais se lembrarem e indicarem com precisão a sua abordagem às rotinas da hora de deitar e a quantidade de horas de sono dos filhos. Este não incluiu medidas objectivas da duração ou da qualidade do sono e não foi uma experiência controlada destinada a demonstrar a maneira como os comportamentos específicos dos pais podem ter um impacto directo no sono das crianças.

 

Investigações anteriores descobriram que a consistência dos pais ao impor regras sobre a hora de deitar e o uso dos media é crucial para bons resultados de sono, afirmou Michelle Garrison, do Seattle Children's Research Institute e da Universidade de Washington.

 

Apesar de os pais poderem guiar todos os aspectos destas rotinas com os bebés, eles podem começar a envolver mais as crianças neste processo à medida que elas crescem, para os ajudar a desenvolver hábitos de sono saudáveis e independentes, disse num email Garrison, que não esteve envolvida no estudo. Isto pode implicar, por exemplo, ler histórias a crianças pequenas todas as noites mas deixá-los escolher o livro ou então permitir aos adolescentes escolherem as actividades relaxantes que os ajudam a preparar-se para ir para a cama.

 

 “Os pais podem continuar a ter a responsabilidade de começar a rotina à mesma hora todas as noites e ajudar a criança a aprender a auto-monitorizar-se, para saber se estão a cumprir horários e a acalmar-se antes de ir para a cama”, disse Garrison.

 

 “À medida que se aproximam da idade adulta, a ideia é continuar a passar gradualmente esta responsabilidade para as crianças, para que elas tenham a oportunidade de praticar e desenvolver estas capacidades”, acrescentou Garrison. “Mas com uma estrutura e apoio suficientes, para não termos a expectativa de eles terem a auto-regulação de um adulto.”

 

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Mafalda melo

 

In “Público”