O Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais acaba de informar, através de comunicado, que foi diagnosticado um caso importado de Hepatite A no Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM).

 

“Trata-se de um cidadão de nacionalidade belga que viajava em embarcação própria, proveniente do Sul de Espanha”, refere.

 

“Informa-se que o cidadão se encontra internado, com um quadro clínico favorável”, adianta.

 

O IASAÚDE diz ainda que “não estão identificadas relações epidemológicas com o surto de Hepatite A em Portugal e os ‘clusters’ identificados na Europa”, no entanto, realça que “estão disponíveis na Região os recursos (incluindo vacinas) para dar resposta a eventuais situações de actividade epidémica”.

 

De resto, explica que está a “monitorizar a situação e alerta a população para a importância das medidas de prevenção da Hepatite A, designadamente evitar comportamentos de riso e cumprir com medidas de higiene pessoal, de forma a prevenir a transmissão através do contacto sexual ou da ingestão de alimentos e água contaminados”.

 

Informações úteis (da Direcção-Geral da Saúde)

 

A hepatite A é uma infecção aguda, causada por um vírus ARN, membro do género Hepatovírus, da família dos Picornaviridae, designado por vírus da hepatite A (VHA) que, agora, à semelhança do que acontece em outros países europeus, exibe expressão epidémica relacionada com os seguintes comportamentos em cidadãos vulneráveis e, em particular, homens que fazem sexo com homens (HSH), quando um dos parceiros está infectado:

 

Sexo anal (com ou sem preservativo);

 

Sexo oro-anal.

 

O principal modo de transmissão é por via fecal-oral através da ingestão de alimentos ou água contaminados (pode ocorrer em pessoas que viajam para zonas endémicas), ou por contacto próximo interpessoal com pessoas infectadas;

 

Embora a intensidade da epidemia atual, bem como a história natural da doença não sejam inteiramente conhecidas, a infecção por VHA pode ser assintomática, subclínica ou provocar um quadro agudo, quase sempre autolimitado, associado a febre, mal-estar, icterícia, colúria, astenia, anorexia, náuseas, vómitos e dor abdominal;

 

A frequência e gravidade de sinais e sintomas depende, em regra, da idade do doente. A infecção só é sintomática em 30% dos casos com idade inferior a 6 anos. Em crianças mais velhas e nos adultos a infecção provoca, em regra, doença clínica (hepatite aguda) em mais de 70% dos casos.

 

 

 

Epidemiologia

 

Entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017, três clusters, envolvendo centenas de casos confirmados de hepatite A foram reportados em 13 países da UE, incluindo Portugal. A quase totalidade dos casos ocorreu entre homens que fazem sexo com homens (HSH nos termos acima descritos), sendo o contacto sexual o principal modo de transmissão. B;

 

De 1 de janeiro a 7 de abril de 2017, foram notificados 160 casos de hepatite A, cerca de 50% dos quais foram internados. Do total de doentes, 93% são adultos jovens do sexo masculino, principalmente residentes na área de Lisboa e Vale do Tejo (79%).

 

Documentos DGS

 

Comunicado do Director-Geral da Saúde de 17 de maio

 

Norma 003/2017 de 9 de Abril

 

Vacinação

 

Considerando a actual escassez internacional de vacinas e a actividade epidemiológica atual, são elegíveis para vacinação pré- e pós-exposição os indivíduos que cumpram os critérios referidos na Norma 003/2017 de 9 de Abril, de acordo com avaliação médica.

 

Recomendações para Viajantes

 

No âmbito do surto de Hepatite A, recomenda-se aos viajantes com destino à América Latina, África e Ásia, o reforço das seguintes medidas preventivas:

 

Alimentos:

 

Lavar bem as mãos antes e depois de manusear alimentos (confecção e ingestão). Ter o mesmo cuidado com os utensílios utilizados na preparação: talheres, tábuas de cozinha, bancadas, etc.;

 

Evitar consumir alimentos crus (ex. mariscos e saladas);

 

Lavar bem e descascar a fruta antes de a comer, evitando as saladas de fruta, bem como frutos cujo exterior não esteja intacto;

 

Evitar alimentos adquiridos a vendedores ambulantes;

 

Escolher locais com boas condições de higiene e em que os produtos facilmente alteráveis pelo calor (ex. bolos, molhos, guisados, produtos à base de leite e de ovos, mariscos, entre outros) se apresentem bem conservados em câmaras ou montras frigoríficas;

 

Separar os alimentos crus dos cozinhados;

 

Cozinhar muito bem a comida;

 

Manter os alimentos a temperaturas seguras, não deixar fora do frigorífico aqueles que devem ser refrigerados;

 

Respeitar os prazos de validade dos produtos e acondicionar correctamente os alimentos.

 

Usar água tratada/engarrafada para lavar e confeccionar alimentos.

 

Água e outras bebidas:

 

Beber água engarrafada (verificar se o selo está intacto);

 

Na impossibilidade de obter água engarrafada, consumi-la tratada:

 

Ferver a água durante 5 minutos, manter o recipiente tapado, utilizar nas 24h seguintes;

 

Desinfecção química da água: 2 gotas de lixívia por litro de água, mexer bem, aguardar durante 30 minutos e utilizar nas 24h seguintes.

 

A água engarrafada deve ser descapsulada somente no momento em que é servida;

 

Utilizar água engarrafada ou fervida para confeccionar sumos, gelo e ainda para a escovagem dos dentes;

 

As bebidas engarrafadas ou empacotadas, desde que seladas, e as bebidas quentes (chá e café) são em geral seguras;

 

Consumir apenas produtos lácteos pasteurizados.

 

Não consumir: água da torneira, gelo, sumos de fruta naturais, saladas, molhos, gelados não embalados, comidas de “mercado” e street food.

 

In “Diário de Notícias”