No próximo dia 20 de maio assinala-se o Dia Nacional da Luta Contra a Obesidade, é por isso um momento ideal para analisarmos os dados revelados pelo Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015- 2016 que permitiu a criação de uma base descritiva sobre três grandes domínios: alimentação e nutrição, atividade física e o estado nutricional dos portugueses.

 

O inquérito demonstra de forma clara que tem de haver um maior consumo de leguminosas, cereais e derivados, hortícolas e frutas sobre sobretudo nos adolescentes, mas no fundo por toda a população. Fica também demonstrado que é urgente promover um menor consumo de refrigerantes sobretudo na adolescência e uma redução do consumo de álcool sobretudo sob a forma de cerveja nos adolescentes.

 

 Em relação à nossa Região (outro estudo que engloba pessoas entre os 18 e os 64 anos) o excesso de peso e obesidade que atingem cerca de 58% da população sendo mais significativa nas pessoas mais idosas. Vivemos numa sociedade promotora da obesidade dependendo esta fundamentalmente de dois fatores: elevada ingestão calórica e inatividade física.

 

Se vamos ingerindo mais calorias e não as gastamos pela inatividade física vamos engordar. É por isto que as pessoas engordam. Há um excesso calórico: açúcar e gorduras a mais. A obesidade é a principal causa da diabetes que é quatro vezes mais frequente nos obesos. Portugal é dos países da Europa com maior taxa de prevalência da diabetes. A diabetes está associada à obesidade assim como ao envelhecimento da população.

 

Os comportamentos alimentares têm de mudar. Só um em cada dois portugueses consome fruta e hortícolas nas quantidades recomendadas. Portanto, cerca de 50% da população portuguesa não consome a quantidade necessária de hortícolas e fruta. Os nossos jovens e adolescentes estão a comer pouca fruta.

 

Mais. Os consumos de sumos são péssimos. Deve-se consumir a fruta e não o sumo da fruta. Quando se consome o sumo da fruta está-se a consumir frutose que só promove o excesso de peso e a obesidade. Os sumos devem ser evitados. Tão pouco se deve ingerir os chamados os refrigerantes que ainda são piores que os sumos. Têm açucares livres, basta ler os rótulos. Devem existir campanhas educacionais com o objetivo de educar a população para saber ler os rótulos.

 

Outro aspeto a mudar é a inatividade física. É patente. Só 36% dos jovens são fisicamente ativos. Há outro número brutal: cerca de 33% das pessoas tem um sedentarismo marcado. Isto faz com que a Madeira seja das Regiões do País com menor atividade física. É preciso fazer mais. As escolas devem ter mais tempo dedicada à prática do exercício, condições e profissionais aptos a estimular a prática da atividade física. Temos uma série de pavilhões com condições para a prática do exercício e desporto que poderiam ser melhor aproveitados.

 

Parece que apesar de tudo, em comparação com um estudo realizado em 1998/1999, há uma ligeira diminuição do excesso de peso e da obesidade. Porém, tem de se criar uma estratégia para modificar este panorama negro. Como é que se consegue dar a volta? Através da educação alimentar que passa por várias medidas entre as quais as seguintes: venda de alimentos saudáveis nas máquinas de vending machines em escolas, hospitais, departamentos governamentais, proibindo a venda da chamada comida e bebidas más para a saúde. Depois, é preciso ter a capacidade de fiscalizar estas medidas. Ou seja, isto tem de ser obrigatoriamente fiscalizado. Criar uma lei e não a fiscalizar é melhor não a criar. Tem de haver capacidade de fiscalização. Em relação ao célebre “imposto Coca-Cola” já em vigor, deveria ser utilizado para campanhas de educação alimentar e de estímulo à prática regular de atividade física e não ser apenas mais um imposto.

 

 Mas isto não é suficiente. Isto tem de ser acompanhado por uma política educacional. Um dos aspetos passa por aumentar a literacia das pessoas em relação aos rótulos dos alimentos. Escreve-se hidrato de carbono, mas o açúcar também é um hidrato de carbono, e muitas coisas que se compra no supermercado têm açúcar. Quanto mais rico em açúcar pior para a saúde. Aumento da literacia em relação a saber a ler os rótulos.

SILVESTRE ABREU

 

In “Jornal da Madeira”