Por ano, 150 internamentos hospitalares são por causa de doenças do coração. Os enfartes do miocárdio são as complicações mais frequentes e também aqueles que mais matam.

 

A Madeira ainda regista muitos internamentos por doença coronária. São cerca de 150 por ano, um «número excessivo» de acordo com o cardiologista e presidente da delegação regional da Fundação Portuguesa de Cardiologia, António Almada Cardoso.

 

Ao contrário do que era expectável pela comunidade médica, a taxa de mortalidade por doença coronária não está a baixar e está ainda em níveis altos tendo em conta que muitos dos casos que chegam aos hospitais devem-se sobretudo a estilos de vida pouco saudáveis.

 

«Nós temos este número excessivo de internamentos porque há ainda uma grande prevalência de fatores de risco da doença coronária excessiva», esclarece o cardiologista, salientando que «isto deve-se sobretudo porque temos pouca gente a praticar atividade física, temos muito colesterol elevado e mais de metade da nossa população tem a tensão alta. São elementos que, todos juntos, fazem com que a nossa população em idade ativa seja atingida pela doença coronária».

 

Por estas razões, e muito porque estes fatores acabam por ser difíceis de “controlar”, o médico deixa alguns alertas que podem ser úteis no caso de aparecerem sinais de que o coração está a ter problemas para continuar a fazer o seu papel nas melhores condições.

 

«Uma dor no centro do peito prolongada, acompanhada por outros sintomas que incluem suores frios, náuseas, falta de ar e sensação de morte iminente», são sinais de que poderá estar a ocorrer um enfarte do miocárdio (ataque de coração).

 

Caso seja uma pessoa que já tenha passado por um enfarte, o cardiologista aconselha a adoção de uma «prevenção secundária da doença coronária».

 

«É a prevenção que produz efeitos maiores porque faz diminuir bastante a repetição de ataques e a que prolonga mais a vida», revela Almada Cardoso.

 

Já a «prevenção primária» deve ser feita por aquelas pessoas que não apresentam, no início, manifestações clínicas de doença arterial coronária mas que têm fatores de risco, tais como, stress elevado, hábito de fumar, hipertensão arterial, história familiar, diabetes, obesidade e a inatividade.

 

 Daí que, o rastreio e o diagnóstico médico sejam fundamentais para avaliar o risco que uma pessoa corre de vir a ter uma doença cardiovascular.

 

Quanto mais precoce é o diagnóstico, maiores são as possibilidades de impedir o aparecimento ou o agravamento de doença cardiovascular.

 

«Uma particularidade dos fatores de risco é que, pior do que se adicionarem, eles potenciam-se, ou seja, agravam-se mutuamente», como alerta o site da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

 

OITO MIL MORTES/ANO

 

O enfarte do miocárdio é a designação comum para “ataque cardíaco”. Ocorre quando uma ou mais artérias que irrigam o coração ficam bloqueadas, impedido aquele órgão de receber o sangue e o oxigénio nas quantidades necessárias.

 

Por ser uma emergência médica que requer tratamento imediato, a maioria dos enfartes do miocárdio é causada por coágulos que, por sua vez, levam ao estreitamento e rigidez das artérias.

 

Nas duas últimas décadas, temse verificado na população portuguesa uma redução significativa na taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares ou doenças do aparelho circulatório. Ainda assim, as doenças do aparelho circulatório são ainda a principal causa de morte em Portugal, e em todos os países europeus.

 

Segundo dados da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) o enfarte agudo do miocárdio é a causa da morte de mais de 8 mil portugueses por ano.

 

Os quatro cuidados da saúde do coração

 

De acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia são quatro “as regras” que devem ser seguidas para manter-se um coração saudável:

 

Exercício físico - a atividade física reduz o risco de doenças cardiovasculares, ajudando a controlar e a prevenir fatores de risco como a pressão arterial alta, o colesterol elevado e a obesidade.

 

Alimentação saudável - um dos aspetos mais importantes para manter ou melhorar a saúde. Ajuda a controlar o peso; a reduzir o risco de doenças cardiovasculares e de acidentes vasculares cerebrais (AVC). A adoção da dieta mediterrânica é a mais recomendada.

 

Controlar o peso - excesso de peso aumenta o risco de contrair algumas doenças nomeadamente o risco de desenvolver diabetes, de ser hipertenso ou de sofrer um ataque cardíaco.

 

 Controle da tensão arterial - As três dicas acima descritas podem ajudar a baixar a pressão sanguínea e, deste modo, reduzir o risco de doença cardiovascular.

 

Lúcia M. Silva

 

In “Jornal da Madeira”