A doença é auto-imune e afecta principalmente mulheres.

 

Médicos não conseguem prever como vai ser o percurso do doente no momento em que é feito o diagnóstico

 

Cerca de 10 mil portugueses têm lúpus, doença auto-imune que afecta principalmente mulheres, segundo números estimados por especialistas, apesar de não haver um registo nacional unificado.

 

O lúpus é uma doença crónica que tem manifestações diversas e pode afectar vários órgãos e sistemas, podendo ter impacto significativo na qualidade de vida do doente.

 

Nos últimos dois anos surgiram novos tratamentos, a que os doentes portugueses têm acesso sem problemas, que permitem tratar melhor, dar mais qualidade de vida, são importantes para combater a fadiga própria da doença e permitem evitar a cortisona, segundo explicou à agência Lusa a médica Francisca Moraes-Fontes, responsável pela unidade de doenças auto-imunes do Hospital Curry Cabral.

 

A especialista é ainda coordenadora do congresso nacional sobre doenças auto-imunes, reunido a partir desta quinta-feira e durante três dias em Lisboa, onde peritos e médicos de várias especialidades vão debater precisamente os conhecimentos mais recentes sobre o lúpus.

 

Doença surge na idade adulta

 

A doença surge geralmente no início da idade adulta e afecta sobretudo mulheres -- por cada nove mulheres com lúpus, apenas um homem tem, apesar de a comunidade científica ainda não ter respostas para esta prevalência no sexo feminino.

 

O lúpus é muito heterogéneo, há um mosaico de manifestações muito diversas e nem sempre tem manifestações cutâneas que geralmente a população associa à doença.

 

Outra das particularidades, segundo Francisca Fontes, reside no facto de os médicos não conseguirem prever como vai ser o percurso do doente no momento em que é feito o diagnóstico.

 

A doença pode começar por manifestar-se como uma dor articular mas evoluir noutra altura para uma forma em que afecta a função renal ou mesmo o cérebro, por exemplo.

 

"É uma doença para a qual temos de estar atentos, se não o diagnóstico não é feito", avisa Francisca Fontes, que reconhece que os médicos vão estando mais despertos para o lúpus.

 

Para os médicos é central que o doente tenha cada vez mais conhecimento sobre a doença, porque a sua capacitação influencia a forma como lidará com a patologia.

 

Entre esta quinta-feira e sábado, especialistas nacionais e internacionais estão reunidos em Lisboa essencialmente para actualizarem os seus conhecimentos sobre a doença e debaterem as novas formas de abordagem.

 

In “Público