Depressão agrava panorama das doenças crónicas. No âmbito do Dia Mundial da Saúde que se assinala a 07 de abril, cujo tema é a depressão, Francisco Araújo, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), alerta que Portugal é um dos países da Europa com maior incidência desta condição, agravada nos últimos anos pela crise económica. O especialista sublinha ainda que a depressão é frequentemente desvalorizada por médicos e doentes e que a depressão tem um papel relevante noutras doenças sistémicas. O profissional de saúde destaca ainda que as mulheres são mais propensas a este problema do que os homens.

«A depressão aumenta o risco de doenças cardiovasculares e vice-versa; cerca de 1/3 dos doentes que tiveram um enfarte têm depressão e esta aumenta o risco de mortalidade nos doentes com doenças cardiovasculares. A depressão faz com que as pessoas se mexam menos, ganhem peso, e cuidem menos de si, o que pode levar ao abandono da medicação» diz o especialista. Estamos habituados a ligar depressão à doença oncológica, uma vez que a grande maioria de pessoas que têm cancro, de uma forma ou de outra, passaram por um momento depressivo. «Já em algumas doenças crónicas este fator não é muito valorizado» constata Francisco Araújo. Um exemplo disto é interação entre depressão e diabetes, uma vez que é reconhecido que estas duas condições podem estar relacionadas. «A depressão aumenta o risco de aparecimento da diabetes por mecanismos diversos, como o aumento de níveis de cortisol e o aparecimento de depressão pode levar a um pior controlo metabólico no doente com diabetes já estabelecida».

 

Desta forma, é importante que tanto o doente como familiares e técnicos de saúde, estejam atentos a sinais de alarme, como as alterações no apetite, no peso e no sono, a perda de interesse pelas atividades que antes lhe davam prazer… A depressão tem cura, quando devidamente reconhecida e tratada, e pode ajudar a controlar outra doença crónica para a qual o doente procura ajuda médica.

 

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

 

In “Jornal da Madeira”