Novos serviços para o cidadão vão estar em debate no Portugal e Health Summit, que começa nesta terça-feira, em Lisboa.

 

Facilitar a vida ao cidadão, disponibilizando cada vez mais informações e serviços online. Este é o caminho que o Serviço Nacional de Saúde quer seguir, diz o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Henrique Martins explica que os próximos passos serão no sentido de criar um boletim de vacinas electrónico e de permitir que as credenciais dos exames e análises possam também ser digitais.

O único entrave ainda é o sistema informático obsoleto de muitas unidades de saúde. Apesar disso, sublinha, a tutela está a fazer o esforço de renovar os computadores dos centros de saúde “num ano economicamente difícil”.

 

Médicos vão saber se doentes compraram ou não os remédios

 

Estas são algumas das ideias que vão ser debatidas, a partir desta terça-feira e até quinta-feira, no Portugal eHealth Summit, uma espécie de Web Summit para a área da saúde. O encontro de três dias, organizado pela SPMS, decorre no Meo Arena e conta com 8500 inscrições, 150 oradores e 40 moderadores. Há ainda 35 startups inscritas para o evento onde estão presentes vários profissionais do sector, nomeadamente bastonários das ordens profissionais da saúde, responsáveis da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e da Agência Europeia do Medicamento (EMA).

 

 “Pretendemos que o cidadão em geral, o cidadão digital, perceba e possa participar naquilo que são os vários aspectos do registo de saúde electrónico”, sintetizou ao PÚBLICO Henrique Martins, que está à frente da SPMS, o organismo que gere a central de compras do Ministério da Saúde e a modernização informática.

 

A propósito do encontro, o também médico explicou que “o e-health é um termo geral” que abarca vários exemplos do partido que se pode tirar das novas tecnologias, como utilização de dados para investigação científica, para detecção da fraude, mas também para gerar valor económico para o país.

 

Concretamente a propósito do Registo de Saúde Electrónico, Henrique Martins reconhece que têm existido alguns atrasos na implementação das ideias. Mas também cita medidas que têm sido um sucesso, como o fim da receita em papel. Quanto aos próximos passos, diz que serão no sentido de dar respostas “a coisas simples” de que os utentes sentem falta no dia-a-dia.

 

Cidadãos vão poder guardar informação clínica em “carteira electrónica”

 

Até ao final do ano todos os cidadãos poderão ter um boletim digital, onde vão encontrar a informação das vacinas que já tomaram e aquelas que estão em falta. Estará disponível na área do cidadão do Portal do Serviço Nacional de Saúde, local onde as pessoas vão poder gerar uma declaração electrónica que ateste que têm todas as vacinas em dia para entregar, por exemplo, na escola dos filhos. O sistema já está a ser testado em cerca de 100 mil pessoas no Litoral Alentejano.

 

Neste primeiro semestre vão também ser testadas em várias zonas e com as grandes empresas a possibilidade de os resultados dos exames complementares que os utentes façam serem disponibilizados de forma digital e a todos os médicos do SNS, desde que o doente autorize.

 

Estão também a decorrer experiências-piloto na Unidade Local de Saúde do Alto Minho para que os farmacêuticos, quando aviam uma receita, possam enviar mensagens que julguem pertinentes para o médico, nomeadamente sobre eventuais dificuldades com os medicamentos prescritos.

 

Já em vigor, mas ainda pouco divulgado, está a possibilidade de os doentes pedirem online a declaração de presença em como estiveram num determinado acto médico num hospital. O sistema ainda não funciona para os centros de saúde.

 

O presidente da SPMS admite que ainda há vários problemas informáticos que precisam de ser ultrapassados para que tudo isto funcione. Falta, por exemplo, garantir um orçamento de oito milhões de euros para renovar as redes locais dos centros de saúde, para permitir que as várias unidades fiquem unidas e que os dados sejam partilhados. Do lado dos hospitais o processo está a ser feito com fundos europeus e do Sistema de Apoio à Modernização Administrativa.

 

Romana Borja-Santos

 

In “Público