A fase final do projeto de arquitetura do novo hospital do Funchal foi ontem apresentada aos diretores de serviço e equipa de enfermagem do Hospital dr. Nélio Mendonça. Até ao dia 15, os profissionais do SESARAM poderão dar as suas opiniões e contributos ao projeto.

 

A fase final do projeto de arquitetura do novo hospital do Funchal, já de acordo com o programa funcional revisto, foi apresentada, ontem, aos diretores de serviços, à equipa de enfermagem e aos responsáveis pelas principais áreas de apoio logístico do Serviço de Saúde da RAM, no hospital dr. Nélio Mendonça.

 

Piso por piso, as valências da futura infraestrutura hospitalar da Madeira, a ser construída em Santa Rita, foram dadas a conhecer pela equipa de projetistas da empresa ARIPA aos diversos profissionais do SESARAM e à comunicação social, num evento que contou com a presença do secretário regional da Saúde, Pedro Ramos. Até ao dia 15, o projeto estará sujeito às sugestões e contributos dos profissionais do SESARAM.

 

Tendo por “linha mestra” uma acessibilidade melhorada quer para o utente quer para o profissional do serviço, o projeto está a ser ultimado com a filosofia de que «o hospital deve ser um espaço confortável não só para o utente, como também para quem trabalha», sendo, dessa forma «uma peça humanizada» da saúde, como realçou o responsável pelo projeto arquitetónico, Ilídio Pelicano.

 

Com efeito, uma maior divisão ao nível dos acessos para os utentes e para os técnicos de saúde tem vários benefícios, sendo um dos principais a diminuição de riscos de infeções. Ilídio Pelicano e dois arquitetos da sua equipa anunciaram ainda que a nova unidade hospitalar será composta por três corpos (norte, central e sul), tendo como objetivos facilitar as acessibilidades internas e externas.

 

Destacaram que foi feita uma aposta para tornar o empreendimento «uma peça humanizada», «usando a imaginação, para que viva da luz e da paisagem» e que a necessidade de expansão futura é permitida na verticalidade, tendo como única exceção a área do heliporto.

 

Elevadores específicos para doentes e visitantes, entrada de visitas autonomizada, corredores de circulação separados para pacientes e pessoal e um parque de estacionamento com 1.100 lugares foram outros elementos apontados. O hospital terá sete pisos e deverá ter 550 camas, com possibilidade de atingir as 590.

 

O futuro Hospital Central da Madeira terá ainda robotização em algumas áreas (farmácia e armazéns), será implementado numa área com 170 mil metros quadrados, haverá concentração de recursos e 151 postos de funcionamento no hospital de dia.

 

Quanto à distribuição pelos três corpos da nova unidade hospitalar, e como foi explicado pela ARIPA, no corpo norte ficarão concentradas as consultas externas e exames especiais, no corpo central será a área técnico-médica e logística e, no corpo sul, ficarão os internamentos das mais variadas especialidades. Aqui, destaque-se que a opção pela zona sul para os internamentos visa melhorar a estadia dos utentes, tendo em conta que os quartos terão melhor vista e exposição solar.

 

SERVIÇOS POR PISOS

 

Abordando a organização do futuro hospital por pisos, o andar zero «será inteiramente logístico de apoio ao hospital».

 

O piso 1 será a área técnica, que vai suportar todas as unidades de saúde do hospital. Nesta área, os arquitetos tiveram a preocupação de criar «paredes técnicas», que aliás percorrem todos os pisos, onde haverá as intervenções de manutenção, por exemplo, de forma a diminuir as interferências destes trabalhos nos serviços.

 

A partir do piso 2, surgem as diversas áreas médicas. Será neste andar que o utente terá acesso, por exemplo, à medicina física e de reabilitação, à hemodiálise, ao núcleo oncológico (com entrada independente) e à radioterapia. A norte, haverá a distribuição do ambulatório, com uma entrada independente para as visitas. A sul, será a área hospitalar. Neste andar, haverá ainda um auditório (também com entrada independente), os serviços administrativos e diretivos e, do lado oposto, os serviços de saúde mental, hospital de dia e pediatria, entre outros serviços.

 

No terceiro piso (também a entrada principal do edifício) será a área de urgência, consultas e exames, bem como a área de colheitas para exames.

 

No quarto piso, e entre outros serviços, estarão o bloco operatório, o hospital de dia cirúrgico, a Unidade de Cuidados Intensivos – neonatologia e bloco de partos, unidade de procriação medicamente assistida, pediatria, por exemplo. «Todo o núcleo da mulher e da criança é todo ele estruturado para haver uma maior proximidade vertical entre todos os componentes». Neste andar, a norte, haverá as consultas e exames de pediatria e ainda o serviço de procriação medicamente assistida.

 

No quinto piso estarão os gabinetes médicos e quatro UCIs e de internamento e a Unidade de Cuidados Paliativos.

 

Obra «será uma realidade»

 

O secretário regional da Saúde garantiu ontem que o novo hospital da Madeira será «uma realidade» e que o Executivo regional pretende apresentar o projeto final de execução até ao fim deste ano. Até outubro, ficará definitivamente concluído o projeto arquitetónico.

 

«Continuamos a trabalhar, pois este hospital vai ser uma realidade», assegurou Pedro Ramos, depois de assistir à apresentação do projeto de arquitetura do novo hospital do Funchal, que contou com a presença da equipa de projetistas (da empresa ARIPA), diretores de serviços e responsáveis das várias áreas da unidade do Serviço de Saúde da Madeira.

 

O governante sublinhou que este projeto tem várias fases e está atualmente na fase de «elaboração». Como sublinhou, «já temos maquete, já temos plantas, discussão, análises e avaliação muito próxima da conclusão para, no final deste ano, podermos apresentar o projeto final de execução e podermos obter o financiamento para o mesmo».

 

Na ocasião, Pedro Ramos voltou a realçar que o novo hospital é um Projeto de Interesse Comum (PIC), recordando que a Região apresentou um projeto de candidatura para este efeito que não teve um primeiro parecer favorável da Comissão de Acompanhamento das Políticas Financeiras, uma decisão que foi «reforçada por uma análise um pouco negativa da Direção- Geral de Saúde».

 

Argumentos negativos que foram rebatidos pelo governante, que assegurou que «está mais do que justificado por que é que é exigido que esta construção seja um projeto de interesse comum».

 

O novo hospital central da Madeira «será uma certeza, porque o seu investimento vai permitir ganhos em saúde, maior concentração de recursos, melhor gestão, menos despesa, mais efetividade, mais eficiências, mais tecnologia, menos internamento, mais hospital de dia, mais ambulatório, mais segurança, mais qualidade».

 

Para além disso, e entre outros aspetos, a futura construção vai permitir a criação de mais postos de trabalho, «mais cerca de meio milhar só no último ano da obra”, para além de “mais e melhor resposta nos cuidados de saúde”, apostou o governante.

 

A insistir na classificação de PIC do hospital central da Madeira, Pedro Ramos frisou que «o novo hospital é de interesse comum, é de todos, é de todos os madeirenses, mas é também de todos os portugueses e daqueles que nos visitam».

 

O secretário regional destacou ainda que «este empreendimento está de acordo com o plano estratégico do Sistema Regional de Saúde e vem ao encontro das nossas expectativas como profissionais de saúde e da população. Vai ser uma realidade», voltou a garantir.

 

Lembrou ainda que «a candidatura do hospital central da Madeira a PIC, que foi submetida no prazo legal (29 de junho de 2016), contém a descrição do projeto e a respetiva programação financeira indicativa, a qual apresenta uma estimativa para o custo total do investimento de 340,4 milhões de euros, repartidos pelo horizonte 2015 a 2024, e que a Região prevê que seja maioritariamente (80%) financiado por verbas do Orçamento do Estado».

 

 Antes, Mário Rodrigues, médico que tem sido o interlocutor do projeto, ao nível da comissão de acompanhamento criada para esse fim, recordou que este tem sido «um processo que tem andado para a frente e para trás, desde 2003». Com os avanços que têm sido dados nos últimos anos, o responsável lembrou que o projeto arquitetónico concluído em 2016 está agora «mais detalhado do que nessa altura», graças ao trabalho da equipa da ARIPA, sendo que, agora e até ao dia 15 deste mês, os profissionais do hospital, das mais variadas alas, podem enviar para Mário Rodrigues, via email, as suas sugestões ou questões que queiram ver esclarecidas ou melhoradas no projeto em análise. Já a presidente do Conselho de Administração do SESARAM, Tomásia Alves, que também assegurou que o futuro hospital será uma realidade, fez questão de sublinhar que «todos os serviços serão chamados para dar as suas sugestões e contributos»

 

Paula Abreu

 

Fonte: Jornal da Madeira