Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Madeira têm mais de 95 mil sobreviventes de tumores malignos. Número foi apurado em 2011 e os especialistas garantem que tem aumentado todos os anos

 

 

É um reflexo do que há de mau e de bom: há mais doentes com cancro, mas também mais sobreviventes. Números divulgados esta quinta-feira pelo Registo Oncológico Regional Sul (ROR-Sul) mostram que entre os 4,8 milhões de residentes em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Madeira, 95.105 viviam com uma neoplasia em 2011. Uns, doentes com o primeiro diagnóstico, e outros já tratados. Os médicos afirmam que os tratamentos, aos poucos, mais eficazes têm feito aumentar anualmente a prevalência da doença em Portugal e hoje o número será ainda maior.

 

Do total de 95.105 doentes oncológicos na região Sul em 2011, 31 mil eram mulheres com cancro da mama, 25 mil homens com tumores malignos da próstata e 15.187 as neoplasias do cólon em ambos os sexos. "Nos tumores mais frequentes (mama, cólon, próstata, estômago, reto ou pulmão) há de facto melhorias na sobrevivência. A proporção de pessoas que sobreviveram ao cancro três anos depois do diagnóstico é superior globalmente", explica a responsável pelo ROR-Sul, Ana Miranda. "E em 2011 ainda não havia o impacto das novas moléculas, portanto de lá para cá o número de sobreviventes será ainda maior", salienta.

 

SERVIÇOS TÊM DE CONSEGUIR CUIDAR DE MAIS DOENTES E DE MAIS SOBREVIVENTES

 

A médica alerta que "a incidência também está a subir e Portugal tem de preparar-se para o aumento de doentes". Na prática, "os serviços têm de conseguir dar resposta ao maior número de novos casos e de doentes que sobreviveram à doença mas que continuam a precisar de seguimento médico, e durante mais tempo". Ana Miranda é taxativa: "Os serviços têm de estar preparados para a prevalência de doentes e não para os novos casos de cancro."

 

A estatística permite concluir que em 2011, por comparação com o período de 2000/01, melhorou a sobrevivência aos três anos no cancro do cólon de 68% para 79%. Ainda assim, este tumor, associado aos maus hábitos alimentares, passou a ser o terceiro mais frequente na zona sul. Há também sinais positivos nas neoplasias do reto, de 54% para os 61%; e na mama, de 84% para 87%. No cancro do pulmão as diferenças são poucas, com um aumento da sobrevivência de 12% para 14%.

 

 

Vera Lúcia Arreigoso

 

Fonte: Expresso