A Madeira deve integrar, em breve, um projeto ao nível nacional que tem conseguido agilizar o processo de diagnóstico e tratamento deste cancro, o sexto mais comum.

 

A Madeira deverá integrar, em breve, o Projeto de Intervenção Precoce no Cancro Oral, conforme vem insistindo a Delegação da Madeira da Ordem dos Médicos Dentistas junto do Governo Regional. 

Esta patologia é o sexto cancro mais comum do mundo, sendo conhecido pela sua agressividade quando detetado tardiamente. 

A chave para um bom resultado perante este tipo de cancro é o diagnóstico e o tratamento atempados, ainda que, na Madeira, um paciente possa ter de esperar quase um ano desde que a lesão é detetada até que seja efetivamente tratada. 

Um prazo demasiado longo e potencialmente fatal, daí que a Ordem dos Médicos Dentistas queira que a Região seja incluída neste programa, que tem conseguido encurtar, até 15 dias, este processo. 

O responsável da delegação da Madeira desta Ordem, Gil Alves, adiantou ao JM que já há quatro anos que têm vindo a solicitar à Secretaria Regional da Saúde que implemente este projeto na Região. E, apesar de reconhecer a vontade governativa em avançar com o mesmo, lamentou que as constantes mudanças nos responsáveis desta pasta tenham dificultado o processo. 

Apesar disso, esta segunda-feira foi dado um passo significativo nesse sentido, já que o secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, reuniu com o responsável nacional do programa, Paulo Melo, para analisar o assunto. No encontro estiveram também Gil Alves, o presidente do IASAÚDE e os diretores dos serviços de Hemato-Oncologia, Otorrino e Anatomia Patológica do hospital. 

No fim da reunião, o representante da Ordem dos Médicos Dentistas adiantou-nos que há a intenção de diligenciar tudo «para que o programa seja implementado na Região no mais curto espaço de tempo». 

Trabalho Conjunto 

Para incluir a Madeira neste projeto há que trabalhar em várias frentes, adiantou Gil Alves. Nesse sentido, o IASAÚDE ficou com a responsabilidade de verificar «até que ponto é que é possível incluir os dados da Região na plataforma informática ao nível nacional. Assim, não teríamos que aguardar mais tempo ou fazer uma plataforma de raiz para poder implementar o programa». 

Por seu turno, «da parte da Ordem dos Médicos Dentistas ficou assumido que iríamos fornecer a formação para os colegas da Medicina Geral e Familiar. A Ordem também assumiu a responsabilidade de indicar à Secretaria Regional da Saúde os médicos dentistas que fizeram a formação e que estariam aptos para poder fazer a implementação do programa». 

A razão para tal, especificou o nosso interlocutor, prende-se com o facto de a intervenção precoce no cancro oral não ter como objetivo «ver toda a gente», mas incidir preferencialmente nos pacientes com fatores de risco, relacionados com o consumo de tabaco e álcool. 

Gil Alves foi perentório, dada a importância do assunto, que já se arrasta há alguns anos: «o que nós pedimos ao dr. Pedro Ramos foi ação». 

A resposta foi satisfatória e já está prevista uma nova reunião dentro de duas semanas, novamente com os vários intervenientes. O responsável regional pela Ordem dos Médicos Dentistas acredita que, agora, só «as questões administrativas é que poderão fazer demorar um pouco a implementação na Madeira deste projeto». 

Tempo de espera encurtado 

O representante da Ordem dos Médicos Dentistas defendeu as vantagens da Região fazer parte deste programa, dada a realidade madeirense: «neste momento, na Região, um caso destes diagnosticado, seja por um médico do privado, seja pelo próprio médico de família, tem que fazer o agendamento para a consulta de otorrino, demora oito meses em lista de espera para a primeira consulta». 

«Essa primeira consulta», acrescentou, «é só uma consulta de observação e, se for um caso para biopsia, então é que marca a biopsia». «Portanto», continuou, o paciente «espera mais algum tempo até que seja marcada a biopsia. E depois espera o resultado da biopsia e só depois é que vai ser encaminhado para a Hemato-Oncologia», apontou. 

Dessa forma, realçou a mais-valia do programa, «já que em 15 dias o doente está no lugar certo, em comparação com o tempo que aqui na Região um caso destes pode esperar, se o doente for pelas vias normais. Pode demorar quase um ano», sublinhou. 

Sofia Lacerda

 

Fonte: Jornal da Madeira