Inquérito a jovens de 18 anos revela que o binge drinking é a nova tendência que acompanha o consumo regular.

O relatório de 2015 do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) sobre a situação de Portugal em matéria de álcool revela que cerca de 9% de um total de mais 117 mil jovens com 18 anos assume ter consumido diariamente, ou com uma grande frequência (20 dias num mês) bebidas alcoólicas.

 

 

O diretor-geral do SICAD, João Goulão, afirmou ao Expresso que os números “são obviamente elevados e estão muito em linha com a enorme aceitação do uso de álcool na sociedade portuguesa”, tendo sido apurados em inquérito no Dia da Defesa Nacional.

 

O binge drinking (consumo intensivo de bebidas alcoólicas em determinadas ocasiões, por exemplo festas) é uma realidade crescente, registando-se uma maior incidência desse tipo de consumo no Algarve e Alentejo, sendo a Madeira a região onde é menos comum.

 

Os dados apresentam consumos nocivos nos jovens, sendo que, no ano passado, 63% dos jovens tiveram episódios de embriaguez ligeira, 30% embriaguez severa e 47% tiveram consumos binge.

 

“No sul da Europa temos vindo a assistir a uma aproximação dos padrões de consumo àquilo que era tradicionalmente os do norte da Europa” revela o diretor ao Expresso.

 

Os dados são “preocupantes”, de acordo com relatos de uma psicóloga de Alcoologia de Lisboa contactada pelo jornal Expresso, que salienta que a idade para permissão de consumo deveria aumentar de 18 anos para os 21 anos, já que os jovens estão em fase de desenvolvimento até aos 25 e assim “está mais próximo do final do desenvolvimento”.

 

Pelo contrário, aos 16 anos regista-se uma ligeira diminuição do consumo, de acordo com o European School Survey Project on Alcohol and other Drugs 2015.

 

Verifica-se um certo nível de insuficiência na lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores, já que o inquérito do SICAD apurou que 83% dos jovens de 18 anos tinham bebido álcool no ano anterior logo, antes da idade permitida.

 

Para travar o problema, a fiscalização de estabelecimentos tem aumentado significativamente. Mais 114% dos estabelecimentos foram fiscalizados em 2015 do que no ano anterior, um total de 15,678 estabelecimentos comerciais.

 

Andreia Martins Costa

 

Fonte: Económico