Médico Silvestre Abreu aplaude esta medida, que estenderia a todas as bebidas açucaradas, «porque todos elas têm quantidades brutais de açúcar», adverte. Médico defende que o imposto devia ser estendido a todas as bebidas açucaradas, incluindo os concentrados e néctares. “ Devem ser criadas medidas dissuasoras do consumo deste tipo de bebidas.

O endocrinologista Silvestre Abreu, especialidade que trata doenças como a diabetes e a obesidade, não tem dúvidas que o novo imposto sobre os refrigerantes e bebidas açucaradas é «uma excelente medida» para a saúde das pessoas e, em particular, das crianças. «Sobretudo das crianças e dos jovens, porque essas bebidas têm um elevadíssimo teor em açúcares. E eu seria mais audaz se fizesse a legislação, estendendo esse imposto a todas as bebidas açucaradas, mesmo os chamados concentrados e sumos. Porque todos eles têm quantidades brutais de açúcar», sublinhou.

 

Ainda assim e, na opinião do especialista, esta medida, «por si, não será desmotivante para os pais nem para as crianças, porque depois as pessoas entram na habituação e, no fundo, este imposto vai encarecer, ligeiramente, uma lata de um refrigerante ou uma garrafa daquelas águas enriquecidas - que são enriquecidas apenas em açúcares, mais nada», ressalvou.

 

Dessa forma, Silvestre Abreu defendeu que as receitas deste novo imposto deveriam ser utilizadas em campanhas educacionais para as populações. «Por exemplo, criar-se “spots” na rádio, na televisão e na imprensa alertando para o malefício das bebidas açucaradas, que não farão mal quando bebidas ocasionalmente, mas quando bebidas habitualmente, que é o que se vê», admitiu. «As crianças, ao almoço e ao jantar, bebem uma garrafinha de qualquer uma dessas bebidas. E não estou só a falar nos refrigerantes, estou a falar nos outros sumos que, muitas vezes, são promovidos como bebidas saudáveis, quando não são».

 

 A esse respeito, criticou as «bebidas de frutas concentradas, que fazem mal à saúde. As pessoas devem ser estimuladas a comer é a peça de fruta e não a fruta em sumo».

 

O endocrinologista lembrou ainda que «Portugal é dos países da Europa com maior prevalência da diabetes e dos que tem maior prevalência de obesidade. Portanto, alguma coisa tem de ser feita», insistiu.

 

Reconheceu ainda que o aumento na tributação dos refrigerantes e das bebidas açucaradas «não é suficiente, mas pode ser um começo para se criarem medidas de educação da população e que sejam dissuasoras do consumo deste tipo de alimentos e de bebidas».

 

Nesse sentido apontou que, «uma das coisas que se poderia fazer, se quiséssemos ser mais inovadores, era pura e simplesmente tirar as taxas da água. Claro que deve ser promovido o consumo da água da torneira, mas há pessoas que gostam da água engarrafada e essas águas não deviam pagar imposto, porque isso é que é promover a saúde», assegurou. JM

 

«Saúde da população é uma boa desculpa» diz Gonçalo Camelo

 

O aumento no preço dos refrigerantes em resultado de um novo imposto suscitou algumas dúvidas aos associados da ACIF - Associação Comercial e Industrial do Funchal, mas também críticas, adiantou-nos o presidente do Setor do Comércio e Regulação, Gonçalo Camelo.

 

«Mais uma vez as empresas são fustigadas com obrigações declarativas e com trabalho e custos burocráticos», começou por lamentar.

 

O responsável da ACIF não tem dúvidas que este é «um imposto totalmente desajustado e desaconselhável», afirmando mesmo que «a preocupação com a saúde da população é uma boa desculpa». «O que está aqui em causa é a procura de mais uma receita fiscal. É mais um imposto especial sobre o consumo, a juntar a outros tantos que já existem, para massacrar as empresas», considerou.

 

Por outro lado, alertou que a nova tributação também fará aumentar o IVA. «Porque o IVA já incide sobre o preço dos produtos com esses impostos. Portanto, há aqui, de certa forma, um duplo aumento da carga fiscal».

 

Assim, lembrou a posição da ACIF, «que, por definição, e porque achamos que já existe uma carga fiscal elevadíssima, é contra qualquer aumento de impostos e contra novos impostos. Mesmo camuflados com estas justificações de saúde, que são um bocado falaciosas», reiterou.

 

«Não me parece que seja por esta razão que as pessoas vão deixar de consumir refrigerantes», finalizou. JM ACIF é contra qualquer aumento de impostos e contra novos impostos.

 

Sofia Lacerda

 

Fonte: Jornal da Madeira