A disfagia é uma das principais perturbações na deglutição e as estatísticas mundiais apontam para uma prevalência de 60% nos idosos que sofrem de doenças degenerativas, e uma incidência mais de 50% naqueles que têm sequelas decorrentes de AVC. Engasgamento persistente, alterações na voz e tosse durante e após as refeições são alguns sinais de alarme.

 

 “A pessoa com disfagia pode apresentar dificuldade em mastigar, em preparar e manter o alimento dentro da boca, de engolir, ou apresentar dor a engolir (odinofagia)”, explica Inês Tello Rodrigues, terapeuta da fala do NeuroSer, centro dedicado às doenças neurológicas. Existem vários tipos de Disfagia consoante o local onde ocorrem as dificuldades em engolir. No entanto, todos eles exigem intervenção médica de um terapeuta da fala e de um nutricionista para avaliação das alterações na deglutição. 

De acordo com a especialista, “o terapeuta da fala pode efetuar uma avaliação da deglutição oro-faríngea para identificar quais as alterações e as dificuldades existentes. Ajuda a definir com a equipa médica e de Enfermagem se é segura a alimentação por via oral (pela boca) ou se há necessidade de uma via alternativa de alimentação, como por exemplo, uma sonda nasogástrica. Este profissional pode igualmente recomendar estratégias específicas para mudar a consistência e a quantidade dos alimentos ingeridos, alterar a postura da pessoa durante e após as refeições e efetuar um plano de exercícios especificamente indicados para garantir uma deglutição segura e eficaz”, acrescenta. 

Note-se que a disfagia pode ocorrer em qualquer faixa etária, desde o bebé prematuro ao idoso, porém, “é mais comum na população envelhecida ou em pessoas com condições neurológicas, como AVC, Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson”, avança a terapeuta da fala do NeuroSer. As consequências podem ser graves ao nível pulmonar e nutricional da pessoa, incluindo desnutrição, desidratação e pneumonias de aspiração (entrada acidental de um alimento para os pulmões), às quais acresce o impacto social, comprometendo o prazer associado à refeição e, por isso, a qualidade de vida. “Para além das referidas complicações, a disfagia repercute-se no aumento da mortalidade e no aumento dos custos globais de saúde”, frisa a especialista.

 

 João Toledo

 

Fonte: Tribuna da Madeira