Muita da intervenção de um terapeuta da fala, na população adulta destina-se a pessoas que sofreram uma lesão cerebral, como por exemplo, após um AVC.

 

Diversos estudos comportamentais e de neuroimagem têm confirmado que a terapia da fala é um fator positivo, eficaz e de grande influência na recuperação pós-AVC, tanto nos casos de alterações da comunicação (fala), como da deglutição.

 

Como se processa a intervenção do Terapeuta da Fala em pessoas que sofreram um AVC?

 

1. Em primeiro lugar, é feita uma recolha e análise da informação clínica e biográfica da pessoa, cujos dados são fundamentais para delinear a avaliação e definir o prognóstico.

 

2. Seguidamente, é realizada uma avaliação detalhada das dificuldades que a pessoa apresenta, tanto ao nível da comunicação global, como da linguagem, articulação verbal e da deglutição.

 

3. O plano de intervenção é individualizado e construído, tanto com base nas dificuldades identificadas na avaliação, como também, na discussão dos objetivos e expectativas da própria pessoa.

 

4. A frequência das sessões é delineada de acordo com as necessidades e possibilidades da pessoa e da família. A intervenção do terapeuta da fala pode ser direta ou indireta.

 

5. Considera-se uma intervenção direta toda a intervenção que é feita pessoalmente com a pessoa, geralmente em contexto de gabinete, mas também em contextos funcionais, ou seja, na própria comunidade (ex. supermercado, farmácia, banco...). As sessões individuais são estruturadas de acordo com os objetivos anteriormente traçados e podem incluir diversas técnicas e exercícios.

 

Os objetivos poderão passar por maximizar a comunicação verbal e não-verbal, reduzir as dificuldades linguísticas (orais e escritas) e ainda reabilitar o processo de deglutição, realizando as modificações de dieta necessárias, em termos de consistência dos alimentos e fornecendo estratégias para uma deglutição segura e eficaz.

 

Em alguns casos, poderão ser realizadas sessões de grupo, cujos objetivos passam pela promoção das competências comunicativas e um aumento da funcionalidade das interações e da participação social.

 

6. A intervenção indireta centra-se no suporte, ensino e treino de estratégias facilitadoras da comunicação/deglutição e é feita sobretudo aos familiares e cuidadores mas também à sociedade em geral.

 

 

 

Inês Tello Rodrigues

 

Terapeuta da Fala no NeuroSer,

 

Centro de diagnóstico e terapias dedicadas doenças neurológicas –

 

 http://neu-roser.pt

 

Fonte: Jornal da Madeira