Existem três tipos de vírus da gripe, que são Influenza A, B e C. Apenas os vírus A e B causam gripe no Homem, com impacto clínico, sendo estes os principais responsáveis pelas epidemias anuais. Existem 2 proteínas à superfície do vírus, que são fundamentais à sua propagação: a Hemaglutinina (H) e Neuraminidase (N).

 

A sua variabilidade está na base da classificação do vírus Influenza A em diferentes subtipos (por exemplo, H5N1 – “gripe das aves” ou H1N1- “gripe A”).Este é um vírus que sofre mutações muito frequentemente, daí que o do ano passado seja diferente do vírus da gripe deste ano e assim sucessivamente. Quando surgem alterações muito importantes, pode dar origem a uma pandemia de gripe, ou seja, a um surto, que rapidamente se propaga pelo globo, uma vez que é como se fosse um novo vírus; aquela nova combinação H/N é desconhecida pelo organismo humano, que, assim sendo, não tem defesas específicas, sendo “apanhado de surpresa”. Aí, a evolução clínica depende da virulência, ou seja, da agressividade desta nova estirpe, por um lado, e do hospedeiro, da sua condição de saúde prévia e capacidade de resposta imunológica, por outro.

 

Exemplo disto são as pandemias ocorridas até à data: a "espanhola" (1918-1919), que causou cerca de 20 milhões de mortes, a "asiática" (1957-1958) e a "de Hong-Kong" (1968-1969), que foi a que causou menos mortes, muito provavelmente pelo facto de esta estirpe ter semelhanças genéticas à da gripe asiática, o que terá permitido que a imunidade desenvolvida na população, lhe tenha conferido alguma proteção. De forma a tentar acompanhar esta dinâmica viral, as vacinas são especialmente fabricadas para cada época gripal, prevendo já alterações genéticas no vírus. Daí que, as pessoas com indicação para ser vacinadas, têm de o fazer anualmente. Os benefícios esperados na redução da duração da doença e na sua gravidade, bem como complicações, internamentos e morte, são muito relevantes. A Direção-Geral da Saúde recomenda a vacinação contra a gripe como a principal medida de prevenção, sendo que está fortemente indicada em: pessoas com idade igual ou superior a 65 anos; doentes crónicos e imunodeprimidos (a partir dos 6 meses de idade);grávidas; profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados. Aconselha-se também a vacinação às pessoas com idade entre os 60 e os 64 anos. Estão disponíveis 1,2 milhões de vacinas para administrar gratuitamente.

 

As restantes pessoas podem adquirir a vacina nas farmácias, sob prescrição médica, beneficiando de comparticipação de 37%. Porquê vacinar-se mesmo que não pertença a nenhum grupo de risco? Se já se proteger antecipadamente, permitirá que o seu organismo produza anticorpos (“defesas”). Quando viera contactar com o vírus, conseguirá dar uma resposta mais pronta e eficaz, ou seja, não ficar tão doente e evitar assim outras complicações, como a sobreinfecção bacteriana, que pode causar pneumonias graves e mesmo a morte. Em suma, como diz o ditado “mais vale prevenir do que remediar”!

 

Fonte: Jornal da Madeira