Comunitário
As intervenções a nível comunitário incidem na prevenção do consumo, visando uma determinada comunidade, ativando diferentes recursos para atingir esse fim, procurando o reforço das mensagens e normas da sociedade contra o abuso de álcool, tabaco e outras substâncias, bem como a promoção da saúde.
Esta atuação implica a mobilização de recursos e meios comunitários, através da participação de várias entidades (instituições públicas e privadas, associações, organizações, outras coletividades e grupos/ pessoas da comunidade) que devem acompanhar as diferentes fases de conceção e aplicação da intervenção: análise de necessidades e identificação das populações de risco; estabelecimento de metas e objetivos; planificação e estabelecimento de estratégias; identificação de recursos; criação de canais de comunicação; implementação; avaliação e revisão do programa em função dos resultados obtidos.
Quantos mais participarem - salvaguardando um adequado nível de coordenação - mais fácil será atingir o objetivo preventivo.
As vantagens referem-se à incidência num maior número de fatores de risco, uma melhor consistência das mensagens e da própria difusão ao dispor de mais "canais" de disseminação.
É fulcral dar a conhecer o trabalho desenvolvido, envolvendo a comunicação social na transmissão da informação pois será um fator favorecedor da mobilização e participação da comunidade.
De valorizar a potenciação das intervenções devido ao envolvimento de diferentes parceiros, conjugando saberes, práticas e recursos do trabalho em rede.
Ao longo de todo o processo,a intervenção preventiva deve ter em conta o empowerment dos intervenientes, incidindo na capacitação, através da formação destes agentes preventivos a nível de conhecimentos e estratégias para, posterior, aplicação junto da população.
Escolar
A função principal da escola, o que se espera dela, é dar competências aos indivíduos para que se integrem o melhor possível na sociedade, é prepará-los para conseguirem adaptar-se aos desafios que irão encontrar.
É na Escola que crianças e jovens passam parte substancial dos seus dias, onde se desenvolvem interações intra e inter geracionais, com impactos que irão durar longos anos até marcar decididamente a vida das pessoas. No fundo é a instituição de socialização primordial nas sociedades desenvolvidas.
Na escola, tal como se aprende o conteúdo curricular, inevitavelmente aprende-se a ser e a viver. Assim, é fundamental, desenvolver projetos e iniciativas de prevenção que promovam comportamentos saudáveis, libertos do consumo de substâncias psicoativas.
A intervenção será tanto mais eficaz se permitir que as estratégias sejam desenvolvidas ao longo do tempo, de forma continuada, tendo em conta as diferentes etapas do desenvolvimento da criança e do jovem. Para tal, é premente enquanto estratégia em Meio Escolar, envolver toda a comunidade Educativa, por forma a promover, implementar e reforçar a promoção da saúde e a prevenção da doença, contribuindo dessa forma para uma sociedade saudável, no geral e mais livre de drogas, em particular.
Desportivo
Um dos objetivos da prevenção em espaços desportivos é estimular e fortalecer nos indivíduos valores e princípios essenciais para o desenvolvimento pessoal e social.
O desporto pode ter um efeito positivo nos indivíduos e na sociedade uma vez que proporciona oportunidades para a socialização, para a diversão e para a cooperação através da introdução de regras. Incentiva uma boa saúde física e mental, estimula a competência de avaliar e ultrapassar alguns riscos. Facilita ainda a criação e o fortalecimento da relação com os outros, bem como, o respeito e a partilha de um objetivo comum.
O desporto melhora ainda a autoestima, a capacidade de lidar com o stress, aumenta o desempenho académico e melhora as relações familiares. O desporto é encarado como um fator de proteção que previne um leque de problemas, incluindo a toxicodependência. Se um desporto é apresentado como uma opção, trabalhando em parceria com os jovens, surgem várias estratégias de intervenção que assentam numa base desportiva: Praticar com o espírito correto, complementar com informação sobre o uso de drogas e treino de competências pessoais e sociais, sendo estes fatores importantes quando se estabelecem objetivos preventivos.
Desportos coletivos, como o futebol, basquetebol, andebol, podem ser particularmente favoráveis para desenvolver competências sociais, como: a comunicação, a gestão de conflitos e stress, o trabalho de equipa para alcançar um objetivo comum;
Desportos individuais, como o ténis, padel, ténis de mesa, são especialmente adequados para o desenvolvimento da auto estima, da auto disciplina e do estabelecimento pessoal de objetivos;
Desportos radicais, como a escalada, a Asa Delta ou o mergulho, satisfazem a necessidade de aventura e a quantificação do risco (calculado), o que pode converter-se numa alternativa aoconsumo de drogas nos jovens;
Desportos ao ar livre, como as caminhadas, o andar de bicicleta ou o canyoning, podem aumentar a valorização e o cuidado com o meio ambiente natural.
O desporto deve ser praticado em todas as fases da vida. E já está provado que, quanto melhor for a preparação física, maior o desenvolvimento intelectual – um estudo de Charles Hillman do Laboratório de Neurociência e Cinesiologia na Universidade do Illinois, nos Estados Unidos, conseguiu observá-lo. Além disso, a prática constante de uma atividade física traz outros benefícios, como o combate à obesidade, essencial num país onde, segundo dados da Comissão Europeia de 2013, 29% das crianças entre os dois e os cinco anos tem excesso de peso. Mas a lista não se fica por aqui, o desporto:
- Reduz o risco de doenças cardiovasculares;A nível interventivo, destaca-se o estabelecimento de parcerias com as associações e clubes desportivos, procurando sensibilizar os dirigentes, treinadores e demais agentes, para a importância da prevenção, através da implementação de ações de sensibilização/formação e apoio às iniciativas preventivas dirigidas aos atletas, pais e adeptos.
Recreativo
Ao longo dos últimos anos, o nível de participação e envolvimento na vida noturna e em atividades recreativas tem aumentado significativamente, especialmente entre os jovens, bem como, o surgimento de novos contextos recreativos, novas dinâmicas e novos padrões de consumo.
A extensão dos designados “consumos em contextos recreativos”, caracterizados por uma representação social positiva deste tipo de comportamento, aliada a uma baixa perceção do risco, uma grande diversidade e oferta de substâncias, e à banalização das consequências ao nível da saúde, sociais e de justiça refletem a pertinência de se atuar neste setting.
A intervenção deverá ser de proximidade e envolver os diferentes parceiros governamentais e não governamentais, incidindo na prevenção do consumo de substâncias lícitas e ilícitas e na minimização de riscos e redução de danos ao nível da saúde, sexualidade, condução e violência.
Laboral
As alterações cada vez maiores e mais rápidas, da sociedade atual, a todos os níveis, especificamente ao nível das toxicodependências, implicam uma necessidade crescente de explorar um outro campo de intervenção no âmbito da prevenção.
O consumo de substâncias psicoactivas em meio laboral não é só um problema do trabalhador consumidor, tem também implicações nos seus colegas e na empresa podendo, por vezes, este problema alargar-se à sociedade em geral (Organização Internacional do Trabalho, 2008).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) referem que o consumo excessivo de substâncias psicoactivas em meio laboral influencia os comportamentos e a saúde mental. A OIT refere ainda, que os custos laborais decorrentes dos problemas ligados ao álcool ou a outras drogas são elevados, refletindo-se indirectamente sobre a forma de acidentes, danos no equipamento, diminuição do rendimento, absentismo ou ausências por doença.
A pertinência de atuação neste contexto tem sido fundamentada em alguns programas de Prevenção em Meio Laboral, tais como, o European Research and Intervention on Dependency and Diversity in Companies and Employment (EURÍDICE), em que é valorizado a promoção de hábitos saudáveis, a modificação de atitudes, comportamentos e factores de risco, a alteração das condições de trabalho que possam fomentar o consumo das drogas, o aumento dos conhecimentos sobre o consumo de substâncias e a promoção das condições necessárias à criação de um clima e laboral saudáveis.
Neste sentido, há necessidade de dotar a população trabalhadora de informação e de competências individuais, sociais e desmistificar crenças e atitudes relativamente aos consumos de substâncias psicoativas, de modo a consciencializá-la para as consequências nefastas, visto que, é na idade adulta que o trabalho assume um papel primordial no dia-a-dia do indivíduo, podendo condicionar todos os aspetos da sua vida desde os relacionais, aos emocionais passando pelos de saúde.
Os pilares da intervenção preventiva em meio laboral deverão basear-se, por um lado, na importância da segurança e saúde no trabalho e na promoção e sensibilização para os estilos de vida saudáveis. Por outro lado, no desenvolvimento de estratégias no âmbito da responsabilidade e da ética organizacional, apoiando as empresas e os trabalhadores e alargando a sua intervenção às famílias e comunidade onde se inserem.
Familiar
A família constitui a primeira instância de socialização. É a instituição que, globalmente, tem mais influência na formação e desenvolvimento das crianças e dos jovens.
A família é, por isso, considerada um agente preventivo fundamental nos programas de prevenção de drogas dirigidos às crianças e jovens. Tem capacidade de influenciar positivamente o desenvolvimento saudável e equilibrado dos seus membros, o que explica a necessidade de a apoiar, de forma a promover os fatores de proteção e minimizar os fatores de risco no processo de desenvolvimento dos filhos.
Muitos dos comportamentos relacionados com a promoção da saúde são aprendidos no contexto familiar durante os primeiros anos de vida. O estilo de vida, os hábitos, a higiene, a nutrição, a atividade física, as competências sociais e estratégias de comunicação são aspetos fulcrais na educação da criança e do adolescente. Quando existem falhas em alguns destes aspetos existe a possibilidade de surgir perturbações ao nível da saúde.
Neste sentido, a qualidade da vida familiar parece ter uma grande influência na prevenção dos comportamentos de risco nas crianças e nos jovens, como por exemplo comportamentos de violência, no consumo de álcool e outras drogas, entre outros.
De acordo com a investigação científica, torna-se prioritário incluir a família no âmbito dos programas de prevenção da toxicodependência, para validar os modelos de intervenção familiar e para aceder mais facilmente às famílias de risco e generalizar as intervenções familiares.
Fontes:
- Becona "Bases científicas de la prevención de las drogodependencias". Plan Nacional sobre Drogas. Madrid 2002.
- Vilar G., Pissarra P., Frango P., Melo R. (2013) Linhas Gerais de Orientação à Intervenção Preventiva nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. SICAD.
- WHO, 2000, in Matos, 2008. Consumo de substâncias - Estilo de Vida? À Procura de um Estilo?Instituto da Droga e da Toxicodependência.
- United Nations Office for Drug Control and Crime Prevention (2002). Using sport for drug abuse prevention.United Nations Publication. New York.
- Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências
- Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (www.emcdda.europa.eu)
Segundo Ammerman et al. 1999; Martin 1995; Paglia e Pandina 1999 - atrasar a idade de início do consumo de drogas; limitar o número e tipo de substâncias utilizadas; evitar a transição entre a experiência de substâncias e o abuso e a dependência das mesmas; diminuir as consequências negativas do consumo naqueles indivíduos que consomem drogas ou que têm problemas de abuso e dependência das mesmas; educar os indivíduos para que sejam capazes de manter uma relação adulta e responsável com as drogas; potenciar os fatores de proteção e diminuir os de risco para o consumo de drogas; modificar as condições do ambiente sócio cultural e proporcionar alternativas de vida saudável.
Segundo Clayton (1992), “um atributo ou caraterística individual, condição situacional e/ou contexto ambiental que inibe, reduz ou atenua a probabilidade de uso/abuso de drogas”.
Segundo Clayton (1992), “um atributo ou caraterística individual, condição situacional e/ou contexto ambiental que aumenta a probabilidade de uso/abuso de drogas”.
Capacidade do corpo para se adaptar aos efeitos de uma substância psicoativa, ou seja, o consumidor frequente necessita de doses mais elevadas da substância para alcançar os efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.
Segundo Rapparpot (1984) o empowerment consiste no processo através do qual os indivíduos podem alcançar o controlo (mastery) para conduzir as suas próprias vidas.
Segundo Perkins & Zimmerman (1995) consiste num valor orientador de um trabalho comunitário, que une forças e capacidades individuais, sistemas naturais de ajuda e comportamentos proativos para a política e mudança social.
O Empowerment a nível comunitário remete para a estrutura sociopolítica e processos de mudança social, o que implica ações coletivas para melhorar a qualidade de vida e aumentar a ligação entre os diversos serviços e organizações da comunidade (Zimmerman, 1995). Assenta em quatro fundamentos: a presença de um sistema de valores que inspire o crescimento pessoal; um sistema que proporcione continuamente o acesso a papéis sociais multifuncionais; um sistema de suporte baseado nos cidadãos enquanto pares, que os acompanhe e proporcione o sentimento de comunidade e uma liderança partilhada e comprometida, tanto com o contexto como com os seus membros.
Os processos que promovam oportunidades para o desenvolvimento das competências de liderança, de tomada de decisão, de gestão de recursos e de trabalho de grupo para atingir objetivos comuns, podem ter um potencial de empowerment e caraterizam-se por criarem e darem oportunidades às pessoas de controlarem o seu destino e de tomarem decisões, serem uma série de experiências através das quais as pessoas aprendem a fazer a correspondência entre os seus objetivos e os meios para os alcançarem, permitirem às pessoas obterem controlo, darem oportunidades para desenvolverem e exercitarem capacidades, para aprenderem acerca do desenvolvimento de recursos e sua administração, expandirem redes de suporte social e desenvolverem capacidades de liderança
Toda e qualquer substância psicoativa proibida por lei.
São drogas cuja produção, uso e comercialização são permitidos por lei, como exemplo temos as bebidas alcoólicas e o tabaco. Apesar da sua legalidade, a quantidade, a frequência e a quantidade do seu uso podem causar danos na saúde do indivíduo.
Situação; ambiente; cenário.
Planta da qual é extraída a nicotina, principal substância do tabaco. Possui alto poder aditivo, prejudica a digestão, causa taquicardia, da pressão arterial e da frequência respiratória e provoca tremores, insónia, náusea, diarreia, vómitos, cefaleia, tontura, fraqueza, dor no peito e sérios danos ao sistema respiratório, pode ocasionar doenças como pneumonia, enfisema pulmonar e infecção das vias respiratórias. O tabaco apresenta ainda várias substâncias que podem causar cancro em diversas partes do corpo, como boca, esófago, laringe, pulmão, rins, pâncreas e bexiga. O fumo do cigarro pode contribuir para o surgimento de cancro e doenças respiratórias até mesmo em pessoas que não fumam, mas convivem com fumadores. A maioria dos fumadores começa a fumar durante a adolescência. Além da nicotina, o cigarro contém um grande número de substâncias tóxicas, como o alcatrão e o monóxido de carbono.
Segundo a Organização Mundial de Sáude (OMS) é toda a substância, natural ou sintética, que altera o funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), deprimindo-o, estimulando-o ou criando ruturas psicóticas.