Calheta

Em 70 anos população diminuiu para 45%

 

Dos 24.078 habitantes em 1950 até aos atuais 10.924 constata-se uma preocupante diminuição, sendo que 2017 marcou a Calheta com o segundo maior défice da Região entre nascimentos e óbitos (-93), apenas superado pelo Funchal.

O concelho, situado entre o Sul e o extremo Oeste da ilha da Madeira, será um caso de estudo ao nível da desertificação. Olhando os censos referentes a 1864, estes indicam-nos a existência de 14.530 residentes, mais 3.616 que os 10.924 referenciados em 2017. A partir dessa altura, foi sempre a 'subir', com epílogo em 1950, com 24.078 habitantes, mais do dobro que os atuais.

 

Depois disso, o ciclo inverteu- se, mesmo que em 1960 ainda pontificassem 21.799 pessoas. Neste século, assiste-se a uma constante diminuição, embora menos significativa no número, com 11.946 em 2001 e 11.521 em 2011.

 

Ao nível etário, o fenómeno acompanha essa cadência. Ou seja, em 2001 existiam 2.067 jovens com menos de 15 anos e 5.613 com mais de 64 anos, e em 2011 esses indicadores eram de 1.715 e 5.957, respetivamente. Já em 2017, da população de 10.924, 1.420 (13%) eram crianças e adolescentes, até esses 15 anos, e 2.403 (22%) tinham idade superior aos 64 anos.

 

Entre as freguesias, Arco da Calheta e a Calheta são as mais populacionais, com números muito iguais, ambos na ordem dos 3.000 habitantes, enquanto o Jardim do Mar é a menos 'ocupada', ultrapassando em pouco as duas centenas de pessoas. De premeio, por ordem decrescente, estão Estreito da Calheta, Ponta do Pargo, Fajã da Ovelha, Paul do Mar e Prazeres.

 

Com forte pendor turístico, cada vez mais associado, o concelho da Calheta não poderá, contudo, ser dissociado da agricultura. Relativamente bem servidos de infraestruturas, embora a extensão e os acentuados declives possam complicar a proximidade, o certo é que os seus habitantes desfrutam dos serviços essenciais e alguns até acessórios.

 

As 11 caixas multibando disponibilizadas conferem uma média de 991 habitantes por terminal, sendo que a média regional é de 854, tal como sucede na média de habitantes por médico, a mais alta da Região: 1.561 contra os 1.368 de Santana, o segundo neste ranking, numa Região que aponta para 247 habitantes por cada clínico.

 

Em termos de bombeiros, serão 229 por cada especialista, quando a relação no todo regional aponta para 349. Neste registo, de qualidade de vida, temos que cada habitante consome 2.987 kwh de energia elétrica e 31 kg no que toca a resíduos urbanos recolhidos seletivamente.

 

No ano de 2017, registaram-se 71 nascimentos, 41 dos quais fora do casamento, e 164 óbitos, tendo ainda se registado 48 casamentos, 88% dos quais não católicos.

 

A média indica ainda que cada mulher tem 1,11 filhos, ligeiramente abaixo do todo regional, que nos remete para 1,16.

 

Aliás, esse diferencial entre nascimentos e óbitos, situado nos 93, é mesmo o segundo maior da Região, apenas superado pelo Funchal (-311). Neste particular, na outra extremidade, temos apenas dois concelhos com saldo positivo, Santa Cruz (122) e Câmara de Lobos (27). Mas esse elevado défice de 93 no concelho da Calheta não deixa de constituir um número preocupante, numa espécie de alerta amarelo indicador que no futuro a desertificação será ainda maior.

 

 Com 1.283 empresas não financeiras registadas no concelho, cerca de cinco por cento do arquipélago, em 2017 seriam 2.612 os funcionários a elas afetos, numa média de dois por empresa, percebendo-se tratar de pequenas empresas, que não proporcionam assim tanta empregabilidade como seria desejável.

 

Ainda assim, daqui resulta 'apenas' uma taxa de 3,4% de beneficiários do subsídio de desemprego no total de contribuintes, sendo que nesse ano estavam contabilizadas 117 pessoas nessas condições.

 

No universo de pensões da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações encontram-se 3.936 pessoas, cerca de 30 por cento da população, existindo ainda a indicação de 294 beneficiários do Rendimento Social de Inserção.

 

 

 

In “JM-Madeira”