Análises começam a ser realizadas na ilha, a partir de 11 de fevereiro

 

Prevalência do anticorpo 'HCV' é de 0,85% entre a população em geral. Nos toxicodependentes sobe para 50%.

Madeira passa a rastrear toda a população a partir deste ano. Em curso, está o desenvolvimento de um software específico.

 

A prevalência do anticorpo 'HCV', vírus da Hepatite C, na Região tem vindo a decrescer, situando-se atualmente nos 0,85%. Ainda assim, em 2018, a Madeira gastou 1.649 747 euros em medicamentos inovadores consumidos para o tratamento desta doença viral.

 

Desde outubro do ano passado, está em curso, no arquipélago, um projeto para erradicação da Hepatite C. O plano segue as diretrizes da Direção Geral da Saúde e da Organização Mundial de Saúde para eliminar a doença até 2030, mas a Região está a apostar forte nesta missão e vai expandir os rastreios a toda a população madeirense, já este ano.

 

Mais dramática é a situação dos toxicodependentes. Neste segmento populacional, a taxa de incidência da Hepatite C está na casa dos 50%. Também os reclusos são um agregado que suscita maiores preocupações com uma taxa de prevalência, segundo o diretor do Serviço de Gastrenterologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, Luís Jasmins, da ordem dos 30%.

 

“O desafio é precisamente ir ao encontro destes doentes e motivá-los para que façam o tratamento que está muito mais facilitado do que há cerca de um ano. Consiste na toma de um comprimido, durante 8 semanas sem efeitos secundários e com cura”, diz o médico, lembrando que, se há uns anos, cada tratamento custava cerca de 48 mil euros, atualmente esses custos rondam os 5 ou 6 mil euros.

 

Para responder a este desafio, o Serviço de Saúde da Região tem promovido ações no estabelecimento prisional e Centros de Atendimento aos Toxicodependentes (CAT'S), possibilitando o contacto direto com os grupos considerados de risco, no sentido de garantir a adesão à terapêutica e de evitar qualquer tipo de estigmatização. Alguns tratamentos estão já a ser feitos.

 

“No caso do trabalho realizado nos CAT'S, para além de permitir o apoio no cumprimento terapêutico, ajuda a controlar a toxicodependência, ao mesmo tempo que supervisiona e integra os outros tratamentos”, refere Ana Paula Reis, diretora do Serviço de Infecto Contagiosas.

 

MADEIRA ESTÁ A DESENVOLVER SOFTWARE PARA APOIO À ERRADICAÇÃO DA HEPATITE C

 

Na Região, o desenvolvimento e aplicação do 'Projeto de Eliminação da Hepatite C' é levado a cabo pelos serviços de Gastrenterologia e Infecciologia.

 

“Tudo aponta para um decréscimo da taxa de prevalência, atendendo a que a aposta no tratamento tem sido cada vez maior por parte do Serviço de Saúde da Região”, constata Ana Paula Reis.

 

Ao longo deste ano, a Madeira pretende por em prática o diagnóstico de todos os utentes infetados com Hepatite C, protagonizando uma abordagem inovadora no País. Luís Jasmins adianta que a Região ganhou uma bolsa americana cujos fundos vão apoiar este projeto considerado viável.

 

Segundo o médico, está inclusive a ser desenvolvido um software para apoiar esta missão.

 

“A ideia é que, quando os profissionais de saúde abram a ficha do doente ou peçam análises, apareça um alerta 'não se esqueça da Hepatite C”, explica Luís Jasmins, acrescentando que esta tecnologia vai abranger toda a ilha, particularmente os centros de saúde.

 

Novidade é também o facto de o diagnóstico desta doença viral passar a ser feito, a partir do dia 11 deste mês, na Madeira. “O diagnostico passará a ser muito mais rápido, se antes demorava cerca de um mês e meio, agora será uma questão de dias”, regozija-se o diretor do Serviço de Gastrenterologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

 

 

 

1300 infetados em 2018

 

Entre 2015 e 2018, o Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM) tratou e curou 278 doentes com Hepatite C, num investimento de 5,9 milhões de euros.

 

Os dados revelados, em outubro, indicam que cerca de 1.300 pessoas estavam em 2018 infetadas com Hepatite C na Região Autónoma da Madeira.

 

Ao nível nacional, mais de 10.600 doentes com hepatite C ficaram curados, entre 2016 e 2018, com a percentagem de cura a se situar acima dos 96%, segundo os números da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).

 

 

 

Patrícia Gaspar

 

In “JM-Madeira"