Parceria foi assinada com a empresa norte-americana START, que faz ensaios clínicos na área do cancro de fase 1, em que se avalia já em doentes a segurança e tolerância de um novo fármaco e se estudam os seus efeitos fisiológicos e mecanismos de acção.

 

Portugal vai acolher o terceiro centro líder na investigação sobre cancro e no desenvolvimento de novas terapêuticas, que ficará instalado no Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), entrando em funcionamento em 2019, foi anunciado esta quinta-feira.

 

Um memorando de entendimento e cooperação foi assinado nesta quinta-feira, no Ministério da Saúde, entre a empresa norte-americana START – South Texas Accelerated Research Therapeutics e o CHLN, e poderá traduzir-se “no maior investimento estrangeiro feito alguma vez em Portugal, na área de ensaios clínicos oncológicos de fase 1”, segundo o documento.

 

 “Hoje estamos a criar condições para disponibilizar, mais uma vez, inovação ao mais alto nível do conhecimento, da tecnologia e da terapêutica aos nossos doentes e para termos resposta no país para aquilo que é uma preocupação de todos, porque todos assistimos ao crescimento da doença oncológica, todos assistimos à pressão constante de encontrar em tempo útil as melhores respostas”, disse à agência Lusa o presidente do CHLN, Carlos Martins, no final da cerimónia que contou com a presença do ministro da Saúde e do presidente da START.

 

Para o sector hospitalar, representa “uma oportunidade de parceria internacional e de contribuir, mais uma vez, para o prestígio e para a diferenciação do país”, sublinhou Carlos Martins, adiantando que o centro a instalar no CHLN será o primeiro de fase 1 da START em Portugal e o terceiro a nível da União Europeia. Os outros dois funcionam em Espanha.

 

Segundo Carlos Martins, o investimento inicial será de entre um milhão e 1,5 milhões de euros e será partilhado pela START e pelo CHLN, que irá envolver os seus parceiros do consórcio Centro Académico de Medicina de Lisboa.

 

Como benefícios desta parceria, Carlos Martins apontou mais receitas, que servirão para “voltar a alavancar investimento” e políticas de inovação, atrair investimento e conhecimento, o envolvimento de 400 a 500 doentes neste processo dentro de cinco anos, além dos 25 a 30 milhões de euros de orçamento anual e da libertação de dez a 15 milhões de euros em termos de receita para a instituição.

 

Para o director do Departamento de Oncologia do Hospital de Santa Maria, Luís Costa, é “grande orgulho” participar deste consórcio e “uma grande responsabilidade”, porque o contributo terá de ser realizado com uma qualidade enorme para “não colocar qualquer risco no desenvolvimento dos medicamentos”. “Em Portugal, o cancro continua a ser uma causa de mortalidade importantíssima e quando as pessoas morrem desta doença é porque os tratamentos que temos não são suficientes para resolver o problema do cancro”, disse o oncologista, contando que os doentes perguntam sempre aos médicos o que pode ser feito para conseguirem sobreviver. A resposta é dada pela ciência que procura novos resultados na fase 1, “onde se testam pela primeira vez os medicamentos para tentar encontrar novas soluções”, sublinhou.

 

Para o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, este “é um dia particularmente feliz”: “Espero que os nossos amigos americanos percebam bem que estão a fazer uma boa aposta num dos melhores países da União Europeia e que seguramente daqui por um ano ou dois anos vão estar muito satisfeitos e vão dizer que foi uma aposta ganha e uma aposta certa.”

 

In “Público”