‘Um dia resolvi lançar esta pergunta na minha rede social e fui surpreendida com mais respostas do que previa… a multiplicidade de respostas fizeram-me pensar e motivaram a escrita deste artigo. Cada um vive o seu próprio mundo interno e sente a vida de forma única.

 

Todos os dias ouço ou contacto com pessoas que falam acerca dos cuidados com o corpo: a prática de exercício físico (desde ginásios, até desportos de exterior) a alimentação (as últimas tendências ou “dietas da moda”), os cuidados com a pele, com os cabelos, entre outros. Alguns destes cuidados revelam-se mais acentuadamente na mulher do que no homem mas de forma geral, as mensagens que apelam aos cuidados da saúde física estão manifestamente presentes na nossa sociedade. O mesmo não acontece com a nossa Saúde Mental, é como se houvesse uma separação entre a componente física e mental, quando na realidade, somos um todo - o estado físico reflete o estado emocional. As dores e feridas emocionais também se traduzem no corpo através de mal-estar, sintomas ou doenças.

 

No dia 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, data “criada” em 1992, pela Federação Mundial de Saúde Mental. Gradualmente, ao longo dos tempos, o conceito de Saúde foi sofrendo alterações, sendo hoje, mais alargado e dinâmico, entendido em 3 dimensões da nossa vida: física, mental e social. No entanto, apesar da evolução deste conceito, aceitamos facilmente a doença física mas através das Consultas de Psicologia, apercebo-me que quando a saúde mental é afetada (desajustamento emocional e sofrimento) torna-se mais difícil aceitar e viver esta condição. Por vezes existe mesmo a necessidade de “esconder do mundo” este sofrimento, quer porque é difícil aceitar; quer porque os outros julgam e fazem sentir como uma condição de maior fragilidade, como se a pessoa não tivesse sido capaz de enfrentar a vida e os desafios que esta impõe.

 

Penso que as pessoas vivem “pressionadas” pelo conceito de felicidade que se concebeu na sociedade. Como se tivéssemos que estar sempre bem e potenciados nas várias áreas e vertentes da vida. Esta “felicidade” é enfatizada pelo que acompanhamos nas redes sociais, em que tudo parece alegre e bonito. O estar menos bem face a algum acontecimento ou situação de vida, já não tem lugar! Por vezes, esse sentimento não é compreendido nem aceite e uma das tendências é desatar à procura de algum comprimido milagroso anti sentir, quando, as emoções como a raiva, tristeza ou medo, também precisam de expressão para, verdadeiramente, serem ultrapassadas e integradas na vida. Não existem boas ou más emoções, nem podem ser classificadas em negativas ou positivas, são adaptativas e fazem parte da reação natural e esperada face a certas dificuldades decorrentes da vida.

 

Na minha opinião, a Saúde Mental é mais do que apenas a ausência de doença. Traduz-se na alegria de viver, na partilha e prazer de estarmos uns com os outros, nos momentos e experiências que promovem o bem estar e o ajustamento emocional. Na procura de equilíbrio, quando tudo parece desmoronar, assente no sentimento de estarmos ligados a outros que nos acompanham, compreendem e dão sentido a esta caminhada que é a vida!

 

E se leu este artigo até ao fim, agarre o desafio de implementar na sua vida, as respostas à questão “O que faz pela sua Saúde Mental?”.

 

ALÍCIA FREITAS

 

Psicóloga

 

In “Jornal da Madeira”