Entrevista: Paula Freitas

 

Em entrevista ao nosso jornal, Paula Freitas, assistente hospitalar do Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar de São João e professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) fala da situação portuguesa e dos recursos disponíveis para tratar o problema.

 

A Medicina Interna é composta de desafios diários, na medida em que, ao abordar o doente como um o do, este apresenta-se como um desafio diário. O seu estudo, diagnóstico e estratégia terapêutica, são partes empolgantes deste processo. É esse o estímulo do médico internista! Na atualidade, existem alguns tópicos que, mais do que desafios, são verdadeiras preocupações no nosso dia a dia.

 

 

Em primeiro lugar, as dificuldades económicas que atingiram grande parte da população, levaram a cortes arbitrários na toma de medicamentos, interrompendo-se assim, o controlo de patologias previamente estabilizadas, com aumento notório das idas ao serviço de urgência, por descompensações, que seriam evitáveis, não fosse esta realidade. A toma irregular ou de metade da dose ou em dias alternados…os mais variados malabarismos que alguns doentes se viram “obrigados” a fazer, ou mesmo, o simples facto de não poder adquirir a medicação na farmácia, em doenças como a hipertensão arterial, a diabetes e a hipercolesterolemia (colesterol alto), podem ter consequências catastróficas, como um enfarte agudo do miocárdio ou um acidente vascular cerebral, situações estas que, infelizmente, saem bem mais caro a todos.

 

É preciso desfazer o mito de que o colesterol é um mito! Existem estudos científicos que comprovam os benefícios da terapêutica para baixar o colesterol. Tudo o resto, é conversa! Existe um outro mito, uma corrente anti vacinas, que é altamente preocupante. Assistimos recentemente, devido a estas teorias infundadas, ao reaparecer de doenças que não víamos há décadas. Falo, por exemplo, da difteria, do sarampo e da tosse convulsa, tendo recentemente surgido alguns casos em Portugal e em Espanha, com mortes registadas, inclusivamente. É lamentável que chegados ao século XXI, com inegáveis avanços tecnológico e científico, com reduções abismais da mortalidade infantil, se esteja a retroceder desta forma.

 

As vacinas existem para permitir que o nosso organismo contacte antecipadamente com uma parte inofensiva (o antigénio), do vírus ou da bactéria que realmente causa a doença, de forma a poder produzir as suas defesas (os anticorpos), para que, se no futuro, contactar com o agente real, já esteja “armado” e possa defender-se de forma mais atempada e capaz. Digamos que é ter o guarda-chuva à mão, para o caso de chover, já estar preparado!

 

A mais-valia da vacinação reside também na imunidade de grupo, em que, dependendo da doença em questão, se 95% da população estiver vacinada, os restantes 5% beneficiam da proteção conferida pela vacinação da maioria. E com a vacinação em massa já se erradicaram algumas doenças. A varíola é exemplo disso. Foi declarada a sua erradicação em 1980, pela OMS. Isto é fabuloso, e é uma pena que as pessoas sejam levadas por teorias sem fundamento algum…Por isso, agora no Inverno, apelo a que todas as pessoas com indicação, façam as vacinas contra a gripe e contra a doença invasiva pneumocócica (mais frequentemente, a pneumonia).

 

 

 

Falem com o seu médico e tirem as vossas dúvidas. Resumindo, os maiores desafios que os médicos têm pela frente, passam pela educação da população para a saúde, com foco nestes dois aspetos: 1) necessidade de cumprimento de terapêuticas crónicas, para controlo de patologias silenciosas que podem levar à morte ou incapacidade; 2) destruição do mito antivacinas, para que a humanidade continue a progredir na prevenção de doenças evi-táveis e mesmo na erradicação de algumas infeções do Planeta! JM

 

Resumindo os maiores desafios que os médicos têm pela frente passam pela educação da população para a saúde, com foco nestes dois aspetos: 1) necessidade de cumprimento de terapêuticas crónicas, para controlo de patologias silenciosas que podem levar à morte ou incapacidade; 2) destruição do mito anti-vacinas, para que a humanidade continue a progredir na prevenção de doenças evitáveis e mesmo na erradicação de algumas infeções do Planeta!

 

In “Jornal da Madeira

 

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