Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) aponta para a necessidade de os centros de saúde disporem de cuidados integrados e centrados nas pessoas com asma, de forma a controlar as crises agudas.

Segundo as conclusões do projeto, realizado pela Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, através da aposta em cuidados integrados e centrados nos utentes asmáticos, é possível também minimizar o impacto negativo dessa patologia crónica patologia nas suas vidas.

Atualmente, “a asma afeta 6,8% da população residente em Portugal, segundo o Inquérito Nacional de Prevalência da Asma de 2010”, estimando-se que “apenas 57% dos asmáticos tenham a sua doença controlada, o que significa que cerca de 300 mil portugueses necessitam de melhor intervenção para controlo da doença”, explicou à Lusa a investigadora Liliana Abreu, uma das responsáveis pelo estudo.

Convertido a artigo e publicado na revista científica International Journal of Integrative Care, o estudo, coordenado pela investigadora do ISPUP Susana Silva, visava explorar o modo como os doentes com asma “usam as suas redes de suporte, nomeadamente a família, os amigos, os profissionais de saúde e os ‘media’, para gerirem esta doença crónica”, explicou Liliana Abreu.

 “Queríamos perceber qual o papel que estes vários mediadores em saúde desempenham enquanto facilitadores de gestão de uma doença crónica como a asma e qual o tipo de auxílio que prestam, tanto a nível emocional como funcional”, indicou.

O estudo envolveu indivíduos com asma de um centro de saúde do Porto, tendo aqueles com a doença desde a infância demonstrado “mais dificuldade em controlar as crises agudas de asma”.

Os resultados demonstram ainda que aqueles cuja asma tinha um baixo impacto nas suas vidas possuíam uma rede de mediadores mais alargada, caracterizada por uma grande dependência do médico de família e dos familiares.

 “Uma vez que um grupo significativo de pessoas vive com asma desde a infância, seria importante haver reavaliações anuais da sua condição de saúde”, para se perceber “a frequência das crises agudas, os sintomas existentes, a rede de suporte que utilizam e a medicação que tomam”, referiu a investigadora.

A equipa responsável pelo estudo recomenda que os cuidados de saúde primários tenham orientações específicas para indivíduos que vivam com uma doença crónica já há muitos anos.

 “Poderia ser importante apostar em intervenções educativas junto das pessoas que revelam maior dificuldade em controlar as crises mais agudas de asma e fazer algumas intervenções personalizadas que ajudem a minimizar o impacto negativo da doença nas suas vidas”, frisou Liliana Abreu.

Outra das sugestões avançadas pela equipa passa pela criação de grupos de apoio, constituídos por indivíduos com a mesma condição crónica, que possam discutir o problema e apresentar algumas soluções.

O ISPUP informou que, apesar dos avanços registados nas últimas duas décadas a nível da terapêutica e dos cuidados centrados nos doentes com asma, “esta doença crónica ainda é, muitas vezes, mal gerida, com os asmáticos a sentirem dificuldades em aceder aos cuidados de saúde, em aderirem aos tratamentos e em gerirem a própria doença”.

Liliana Abreu salientou que a asma requer tratamento a longo prazo, o que implica, para muitas pessoas, o uso diário de medicamentos preventivos, durante “toda a vida”.

Os cuidados que esta população deve ter, continuou, são os mesmos para qualquer idade, passando por uma atenção às infeções virais, aos alergénios, ao tabaco, à poluição, ao exercício e às emoções, por exemplo.

Neste estudo participaram ainda os investigadores do ISPUP João Arriscado Nunes e Peter Taylor.

 In “Saúde Online