Inquérito diz que quase 60% com mais de 65 anos já foi vítima de queda

Visitas domiciliárias e inquéritos a idosos concluíram que há muitos perigos na casa de cada um, que podem ser resolvidos com pequenas coisas e evitar as elevadas taxas de queda.

Todos os profissionais dos centros de saúde da Região vão ser alvo de formação que visa alertá-los para a necessidade de, ao fazerem visitas domiciliárias aos seus idosos, detetarem os riscos que cada residência oferece e transmitirem conselhos e dicas para evitar as quedas.

O projeto de prevenção de quedas do idoso na comunidade arrancou em 2017 numa fase experimental e está no terreno com aplicação sistemática desde janeiro deste ano, sendo que uma equipa constituída por três médicos e três enfermeiros visitou três centros de saúde, através dos quais, estou o perfil das vítimas e as razões das quedas, tendo identificado vários perigos. A comissão de avaliação para a implementação de recomendações para a prevenção de quedas em idosos na RAM visitou 30 idosos de cada um dos seguintes centros de saúde: Gaula, Bom Jesus e Nazaré. Foram feitas 90 visitas domiciliárias. Nestas visitas, foram avaliadas a situação clínica do utente, assim como as condições oferecidas em casa no que toca ao perigo.

“Verificamos que 57,8% demonstrou a existência de história de queda, sendo que 40% tinha tido uma queda no último ano”, conta-nos Ricardo Silva, enfermeiro e um dos coordenadores do projeto. Tal pode explicar, conforme adianta, que 75,6% dos ouvidos tenha preocupação com quedas ou não de instabilidade com a marcha.

O projeto implica mais meios humanos, mais trabalho e mais viaturas para a visita domiciliária.

Mas tanto Ricardo Silva como Luísa Lopes (médica e coordenadora também da iniciativa ), este tipo de trabalho evita os acidentes que podem custar muito caro ao Serviço Regional de Saúde. Sabe-se que nos acidentes domésticos, o principal mecanismo da lesão é a queda, apresentando uma frequência de 90% no grupo etário acima dos 75 anos.

Em 2016, o Governo Regional estimava que o custo médio por cada episódio de queda com dano, envolvendo uma pessoa com idade igual ou superior a 65 anos, era de cerca de 2900 euros e que os custos hospitalares de cada internamento por fratura de fémur, quer do colo, quer de outras localizações, tenham um custo médio de 4.100€.

As consequências mais frequentes das lesões verificadas junto desta faixa etária são as concussões, as contusões e hematomas. Assim, a Secretaria Regional da Saúde entendeu ser crucial a nomeação de uma comissão de avaliação para a implementação de recomendações para a prevenção de quedas em idoso na Madeira.

O estudo feito a 90 idosos dá conta de que mais de 51 % toma sedativos/ansiolíticos, o que constitui um risco individual, um dado curioso é que mais de 63% têm tapetes soltos, sendo que ainda são muitos aqueles que usam as passadeiras de carpete ao longo das escadas e que, por uma ou outra razão mal sinalizada, constituem também um grande perigo. Naquele que a comissão de avaliação denominou de 'Top Ten', a inexistência de barra de apoio no chuveiro ou banheira é o mais frequente em todas as casas. Uma situação que não é de difícil resolução nem tem custos elevados. Em parceria com o Instituto de Administração da Saúde vão ser realizadas várias campanhas de sensibilização dos idosos para todos os perigos que os mesmos enfrentam em casa e com os seus problemas de saúde. JM

Comissão quer chegar às autarquias

Além do trabalho realizado ao nível do setor da Saúde, a comissão de avaliação para a implementação de recomendações para a prevenção de quedas em idosos quer chegar também às autarquias, uma vez que estas têm uma proximidade com os 'seus' idosos e conhecem, em alguns casos, as dificuldades que cada um tem na sua residência.

Sugere, inclusive, a realização de protocolos que possam ajudar os mais carenciados, na correção dos perigos. São pequenas modificações que podem fazer a diferença, conforme dizem Ricardo Silva e Luísa Lopes. JM

90 OS IDOSOS ALVO DO ESTUDO

63% DOS INQUIRIDOS TÊM TAPETES SOLTOS EM CASA

Carla Ribeiro

In “JM-Madeira