Dizem-nos que ser mãe ou pai é a melhor coisa do mundo, mas ninguém avisa que implica também passar a viver acompanhados por questões constantes como “Fiz bem?”; “Disse não com a frequência que devia?” “Acompanhei-o?”; “Fui atento e protector?”.

No meio de todas as dúvidas, há uma resposta universal. Pergunte a qualquer pai ou mãe qual a coisa mais importante que quer para o seu filho e a resposta será: que seja feliz.

O que faz uma criança feliz? Superar desafios? Ser o melhor? Brincar? Passar tempo com os pais? Praticar desporto ou realizar actividades artísticas? E as crianças, têm noção da sua própria felicidade?

Ouvimos muito falar em tempo de qualidade em família. Mas quando falamos de tempo de qualidade, falamos de quê? Este tempo de qualidade não é usar somente o tempo que sobra aos pais durante o dia para estarem com os filhos. É sim, incorporar à sua rotina um tempo que possa ser realmente aproveitado por todos. É estar integralmente com eles. Exige pensar, programar e sentir. Só assim podemos transformá-lo em memorável, inesquecível e alegre.

É interessante lembrar que a maioria do tempo da família é passado no trabalho, na escola, a dormir, nas actividades extracurriculares, com os amigos ou com a família alargada. Os pais cada vez mais têm o tempo cronometrado desde o acordar até ao deitar, sendo o dia-a-dia preenchido com horários, obrigações e compromissos. Sem tempo de qualidade para si mesmo, o adulto estará em condições de oferecer tempo de qualidade para os seus filhos?

Por isso, passar tempo de qualidade é ensinar, aprender, brincar, beijar, passear… E é também dizer não, impor limites, fazer cumprir regras. Tempo de qualidade é sim um compromisso… com o seu filho! Acredite, ver a felicidade do seu filho e saber que está a contribuir para seu desenvolvimento integral é um bem precioso.

As crianças precisam de atenção, de carinho e afeto, de cuidados físicos, de autoridade, de exemplos vivos de comportamento ético, de coerência entre ação e discurso, de um ambiente alegre e saudável para se desenvolver. Uma criança precisa de educação e educar é uma função intransferível daqueles que se responsabilizaram por ela. Por mais que uma criança tenha mil e uma actividades, uma conversa, um abraço e, essencialmente o nosso tempo, não são dispensáveis nem substituíveis.

Esta qualidade vivenciada por pais e filhos será o propulsor de lembranças felizes no futuro. E educar para a felicidade é simples!

TERESA FERNANDES

Socióloga IASAUDE, IP-RAM - Unidad Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD)

In “JM-Madeira”