Na maior parte dos casos são causadas por vírus, mas também podem ter outras causas

 

“Os exames efectuados no Hospital de Braga confirmaram que o Presidente da República sofreu uma gastroenterite aguda.

 

Os médicos recomendaram hidratação e repouso, pelo que o Chefe de Estado, recuperado, está de regresso a Lisboa, tendo sido anulado o programa previsto para o dia de hoje e de amanhã.” A informação foi divulgada pela Presidência da República, no sábado da semana passada, depois de os portugueses terem assistido pelas televisões, a Marcelo Rebelo de Sousa a perder os sentidos, durante um acto oficial, ainda que essa perda de sentidos possa ter tido outra causa associada.

 

A gastroenterite é uma doença que pode acontecer em qualquer altura do ano, mas que ganha força durante o Verão, em especial devido às temperaturas mais elevadas e a práticas menos cuidadas relacionadas com a alimentação, ingestão de água e higiene das mãos.

 

A médica interna de Medicina Geral e Familiar, Luísa Maia, ajuda-nos a perceber do que se trata, como se manifesta, como se identifica e como tratar. Ficam, igualmente, algumas dicas sobre como evitar as gastroenterites e de quando é necessário recorrer à ajuda médica para as ultrapassar.

 

A médica explica que a gastroenterite é uma inflamação do tubo digestivo (estômago e/ou intestino) e que “a maioria das gastroenterites são infeciosas, causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados, mas também podem ser transmitidas de pessoa para pessoa, pela má higiene das mãos”.

 

Apesar de na maior parte dos casos serem causadas por vírus, também podem ser provocadas por bactérias, parasitas ou toxinas.

 

Quanto aos sintomas, as gastroenterites costumam estar associadas “a diarreia, a dor abdominal tipo cólica, as náuseas e os vómitos. Pode também ocorrer febre e mal-estar. A diarreia e os vómitos persistentes, associados a uma ingestão inadequada de líquidos, podem levar à desidratação, com o aparecimento de boca seca, olhos encovados e diminuição da quantidade de urina. A desidratação é mais frequente nas crianças e nos idosos.”

 

Normalmente, explica Luísa Maia, os sintomas duram entre 5 a 7 dias.

 

Por vezes, não é necessário consultar um médico, quando se tem gastroenterite. A base do tratamento é a hidratação, bebendo líquidos. “Deve beber muitos líquidos, em pequenas quantidades, sem forçar. Se ocorrer vómito, deve aguardar pelo menos 30 minutos sem ingerir nada e depois iniciar a hidratação em pequenas quantidades. À medida que for tolerando, deve progredir na alimentação, evitando os molhos e os fritos. Nos bebés, a amamentação deve ser mantida.”

 

Durante os cinco a sete dias, em que os sintomas perduram, devem ser evitados refrescos, sumos com gás, café e os doces.

 

“Na maioria dos casos não são necessários, nem recomendados, medicamentos para a diarreia (antidiarreicos) ou vómitos (antieméticos), nem os antibióticos.

 

De forma a não transmitir a doença a outras pessoas, as mãos devem ser lavadas frequentemente, com água e sabão, principalmente antes das refeições e depois de ir à casa de banho, e a toalha não deve ser partilhada com outras pessoas.”

 

Mas, admite Luísa Maia, “podem ser utilizados probióticos (medicamentos que ajudam a repor as bactérias normais do intestino), os quais poderão ser adquiridos na farmácia, bem como o paracetamol, em caso de febre ou dor. Se apresentar febre, não deve utilizar medicamentos antidiarreicos”.

 

Se ainda assim, a normalidade não regressar e houver sinais de desidratação (boca seca, olhos encovados, diminuição da quantidade de urina, confusão mental), ou se existir sangue ou muco nas fezes, se a dor abdominal for muito intensa ou, ainda, se os sintomas não melhorarem apesar do cumprimento das recomendações descritas, o melhor é procurar ajuda médica.

 

Quanto à forma de evitar ‘apanhar’ uma gastroenterite, o melhor é apostar na higiene, em particular, das mãos. As recomendações deixadas por Luísa Maia são: “Lavar bem as mãos, com água e sabão, antes de manusear alimentos e antes das refeições, e depois de utilizar a casa de banho, tratar do jardim ou brincar com animais.”

 

In “Diário de Notícias”