De acordo com dados do SNS, a taxa de mortalidade por AVC diminui cerca de 39% entre 2011 e 2015, contudo o número de doentes com sequelas tende a aumentar.

 

A propósito do Dia Nacional do Doente com AVC, celebrado hoje, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância da reabilitação após um AVC. Em comunicado, a SCP cita a OMS no que diz respeito a este processo: “é o uso de todos os meios necessários para reduzir o impacto da condição incapacitante e permitir aos indivíduos afetados a reintegração completa na sociedade”.

 

“O processo de reabilitação, tem início ainda no hospital com a ajuda da equipa multidisciplinar encarregue dos cuidados do doente. Médicos, enfermeiros e terapeutas deverão unir esforços, num objetivo último que é o da recuperação da pessoa, tendo em conta as suas limitações e auxiliando-a na adaptação à nova realidade”, assim explica a SCP no referido comunicado.

 

A SCP fala ainda na criação de uma estratégia para assegurar que qualquer vítima de AVC tenha acesso a um programa de reabilitação: “A prevalência do AVC no nosso país, bem como a complexidade desta patologia e a prova de que as unidades de reabilitação são responsáveis pela melhoria do estado de saúde dos doentes, culminam na necessidade de criação de mais centros. Além do referido, o número de sessões de reabilitação comparticipadas não prova ser suficiente, o que significa que muitos portugueses se veem obrigados a deixar o programa a meio, dado que não possuem condições financeiras que o permitam concluir”, sublinha.

 

Nesse sentido, o Prof. João Morais, presidente da SCP, reforça que “ainda há demasiados casos em que o doente não tem acesso precoce a este tipo de cuidados, portanto é importante que se continue a trabalhar no sentido de proporcionar a estas pessoas todos os meios para que possam fazer uma vida independente. Para que isso aconteça, tem de haver um trabalho conjunto entre Saúde, Tutela e Sociedade Civil”.

 

No referido comunicado, a SCP destaca alguns pontos cruciais sobre a reabilitação:

 

O sucesso do trabalho de reabilitação vai depender:

 

– Da parte do cérebro afetada e da extensão da lesão;

 

– Do trabalho desenvolvido pela equipa de saúde;

 

– Da altura em que é iniciado o processo (de preferência, inicia-se o mais cedo possível);

 

– Da vontade do doente;

 

– Da colaboração dos cuidadores.

 

A recuperação de um AVC em números, segundo a National Stroke Association (EUA):

 

40% dos doentes sofrem sequelas moderadas, necessitando de cuidados de reabilitação;

 

25% dos doentes recuperam com sequelas menores;

 

15% dos doentes morrem pouco tempo depois do AVC;

 

10% dos doentes necessitam de cuidados em lares ou outras infraestruturas especializadas;

 

10% dos doentes recuperam quase totalmente;

 

14% dos sobreviventes sofrem um segundo AVC no período de um ano após o primeiro.

 

Após a reabilitação, cerca de 70% das pessoas consegue fazer uma vida independente!

 

Conselhos práticos para quem está no processo de reabilitação:

 

-Faça todos os exercícios recomendados pelo profissional de saúde;

 

-Não abandone a sua vida social! Os amigos e família têm um papel fundamental na sua recuperação;

 

-Durma, alimente-se bem, e faça exercício (dentro das suas possibilidades, não force nada);

 

-Se tiver sintomas de depressão ou não conseguir lidar com a situação, consulte um psicólogo ou psiquiatra;

 

-Mesmo que lhe custe falar de forma clara, não deixe de fazê-lo por vergonha;

 

-Estabeleça uma rotina diária e tente cumpri-la ao máximo;

 

-Reorganize a sua casa para que lhe seja mais fácil deslocar-se e fazer uma vida o mais normal possível;

 

– Procure organizações de apoio.

 

Conselhos práticos para o cuidador:

 

– Aprenda técnicas para movimentar a pessoa com limitações motoras, seja na cama, seja em marcha;

 

– Verifique se a pessoa acamada não tem feridas ou lesões na pele;

 

– Tente gerir a frustração e o sentimento de impotência com a ajuda de um profissional;

 

– Não deixe a sua vida social. Se necessário, peça a alguém de confiança que cuide do doente enquanto sai com um amigo ou familiar.

 

 

In “Saúde Online”