Em média, o Serviço de Sangue do Serviço de Saúde da Região (SESARAM) tem, por ano, 3 mil dadores e cerca de 5.600 colheitas. Os números, que podem variar ligeiramente de ano para ano, são aqueles que o Serviço considera suficientes para dar resposta às solicitações normais e há já vários anos que se vive uma situação de auto-suficiência.

 

Mas na última sexta-feira, o SESARAM fez um apelo à dádiva benévola de sangue devido aos stocks disponíveis se encontrarem nos mínimos, até porque, como explica o director do Serviço de Sangue e de Medicina Transfusional, Bruno Freitas, “somos auto-suficientes, mas de um momento para outro podemos ter essas pequenas rupturas”.

 

Segundo explica o responsável, a situação de ruptura nas reservas de sangue não aconteceu de um dia para outro. Nos últimos dois anos tem havido um acréscimo nas transfusões realizadas e, desde então, têm vindo a ser criados mecanismos compensatórios para que não haja ruptura.

 

Porém, nos últimos tempos, o problema agravou-se devido à associação de duas situações: por um lado, as transfusões associadas às hemorragias digestivas que são mais habituais entre Dezembro e Fevereiro e, por outro, nos últimos tempos o SESARAM tratou mais doentes que necessitam de várias transfusões durante um período mais prolongado. Aliás, o SESARAM já havia referido que só nos últimos dois meses deste ano, foram concretizadas 823 dádivas e 940 transfusões de sangue.

 

“Foi uma situação cumulativa”, explica o responsável, acrescentando que o problema se agravou porque houve ainda mais coincidência com o facto de muitos doentes serem do grupo sanguíneo 0RH- (dadores universais, mas que só podem receber daquele grupo sanguíneo). “Ao se terem reunidos essas duas situações houve uma ruptura que fez com que os serviços ficassem em crise, porque a certa altura nem tínhamos reserva de 0RH-, nem condições para darmos resposta aos outros”. Aliás, houve mesmo necessidade de cancelar cirurgias que estavam previstas, por os doentes serem daquele grupo sanguíneo.

 

Foi por estas razões que na tarde da passada sexta-feira começou a ser difundido um apelo a toda a população regional.

 

E a verdade é que desde então, as pessoas tem respondido de forma muito positiva a este apelo (35 dádivas no dia 17 e 47 no dia 19) e, entre profissionais do SESARAM, dadores já registados e novos dadores, os últimos dias “têm sido excelentes em termos de colheitas”. Desta forma, já estão a ser tratados os doentes que estão internados, mas só agora é que as reservas mínimas do banco de sangue começam a ser repostas. “Temos de ‘alimentar’ ainda mais um pouco”, diz.

 

Bruno Freitas adianta ainda que para atingir a desejada situação de estabilidade, são necessários mais alguns dias com adesão semelhante ao que tem acontecido desde sábado passado.

 

O director do Serviço de Sangue e Medicina Transfusional acrescenta ainda que as 5.600 colheitas por ano são um objectivo, mas que não é definitivo, “porque quando acontece algum constrangimento, as coisas alteram-se de um dia para outro”. É o caso de um acidente com múltiplas vítimas, ou outras casos que são totalmente imprevistos. Por isso, é importante que as reservas de sangue estejam sempre com níveis satisfatórios.

 

Assim, e paralelamente ao apelo realizado junto da comunidade, o Serviço de Sangue e Medicina Transfusional continua a realizar o contacto directo com os dadores já registados, sendo que está também a ser dinamizada uma campanha promocional para a dádiva de sangue junto dos profissionais do SESARAM, com o principal objectivo de angariar e fidelizar novos dadores de sangue, contribuindo assim para o processo de renovação dos dadores na Região. “Estamos a trabalhar em três frentes para minimizar a situação e estamos a conseguir a atingir esses níveis desejados. Mas quantos mais dadores houver, melhor, até porque, às vezes não é fácil resolver estes problemas de um dia para outro”, alerta ainda Bruno Freitas.

 

Três requisitos para ser dador

 

As regras são simples. Para ser um potencial dador de sangue é necessário, antes de mais, tomar a decisão. É preciso sentir-se com saúde e ter hábitos de vida saudáveis, ir ao exame médico e responder com sinceridade às perguntas que lhe forem feitas, dar sangue e tomar uma curta refeição. Os requisitos são apenas três: ter pelo menos, pelo menos 50kg, idade igual ou superior a 18 anos e, claro, ser saudável.

 

Depois de aceite como dador, há alguns cuidados a ter antes e depois da dádiva de sangue. Antes é importante reforçar a hidratação com líquidos como água ou chá no dia anterior e no próprio dia, evitar grandes períodos de exposição solar, tomar sempre o pequeno almoço e não fazer uma refeição abundante previamente à dádiva.

 

Após, os dadores são aconselhados a continuar a hidratação, evitar grandes períodos de exposição solar e evitar o exercício físico no dia da dádiva.

 

Os interessados podem efectuar a sua dádiva de sangue de segunda a sábado, no período da manhã, no Serviço de Sangue e Medicina Transfusional, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no horário compreendido entre as 08h30 e as 13 horas. Para mais informações podem contactar o Serviço de Sangue e de Medicina Transfusional, através do número 291705752, ou do e-mail Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar..

 

In “Diário de Notícias”