Adolescentes e adultos jovens fazem sexo oral com frequência, mas raramente usam preservativos para prevenir a propagação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), revela um estudo publicado no Journal of Adolescent Health.

 

Um resultado que não surpreendeu Giuseppina Valle Holway, professora de sociologia da University of Tampa na Flórida, que liderou o estudo. “Muitos estudos mostram que os adolescentes e os adultos jovens não estão cientes dos riscos para a saúde associados à prática do sexo oral”, explicou.

 

Giuseppina e a coautora Stephanie Hernandez, estudaram relatos de prática de sexo oral e uso do preservativo em relações heterossexuais de mais de 7.000 jovens entre 15 e 24 anos de idade, provenientes de uma amostra representativa da sociedade norte-americana. Mais de metade dos entrevistados informou prática de felação no ano anterior, mas somente 8% das mulheres e 9% dos homens referiram ter usado preservativos.

 

 “Muitos adultos jovens não sabem que correm o risco de contrair uma infeção sexualmente transmissível por meio do sexo oral”, aponta Erin Moore, professora da sexualidade humana na Stetson University, em DeLand, Flórida, citada pela agência Reuters. O sexo oral tem menos probabilidade de disseminar as infeções sexualmente transmissíveis do que a relação sexual vaginal ou anal, disse a professora, mas o risco existe.

 

 “Se as pessoas não usarem preservativos de forma sistemática, então a coisa mais importante a fazer é testar as doenças sexualmente transmissíveis e ter certeza de que os seus parceiros façam o teste antes de ter relações sexuais orais, vaginais ou anais”, disse Erin.

 

Giuseppina e Stephanie sugerem que os médicos discutam o potencial de contágio das infeções sexualmente transmissíveis com seus jovens pacientes. Workshops interativos sobre práticas de sexo seguro nos campos universitários também são valiosos instrumentos de orientação, escrevem as autoras.

 

Muitas escolas norte-americanas não oferecem educação sexual ou somente preconizam a abstinência como orientação sexual, desestimulando a ocorrência qualquer tipo de contacto sexual antes do casamento, sem ensinar nada sobre a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, disse Erin.

 

 “Tenha em mente que, há menos de 20 anos, alguns estados ainda tinham as ‘leis da sodomia’ segundo as quais a prática de sexo oral era ilícita”, disse Erin. Foi apenas em 2003 que o Supremo Tribunal de Justiça Norte-americano considerou as leis da sodomia inconstitucionais.

 

Embora as principais conclusões do estudo já fossem esperadas, os resultados sobre raça e escolaridade materna despertaram maior interesse.

 

Segundo o estudo, os jovens negros tiveram menos probabilidade de fazer sexo oral, porém foram muito mais propensos a usar preservativos. Estudos anteriores demonstraram que os jovens negros também são mais propensos a usar preservativos durante a relação sexual, de acordo com o artigo.

 

Mulheres cujas mães tinham maior escolaridade foram mais propensas à prática do sexo oral, ativa e passiva, com maior probabilidade de terem tido dois ou mais parceiros de sexo oral no ano anterior. A descoberta levou as investigadoras a especular que “objetivos mais ambiciosos podem levar as jovens mulheres a praticarem sexo oral em vez de sexo vaginal, especialmente se perceberem a relação sexual como uma atividade sexual mais arriscada, com consequências mais graves (por exemplo, gravidez), que poderiam inviabilizar planos de futuro.

 

Erin ficou intrigada com a hipótese das pesquisadoras de que a escolaridade materna poderia estar relacionada com o fato das jovens mulheres terem uma mentalidade orientada para os próprios objetivos, e que isso possa levar à prática do sexo oral em vez do sexo vaginal.

 

In “Saúde Online