O Centro Multidisciplinar de Medicina da Dor – Dr. Rui Silva (CMMDor), do SESARAM, realizou, no ano passado, cerca de seis mil procedimentos (tratamentos, consultas... da dor). O número foi revelado ao DIÁRIO, pelo responsável da Unidade, no âmbito de uma Sessão Clínica realizada, ontem, no Hospital Dr. Nélio Mendonça. Por sua vez, a sessão teve enquadramento no Dia Nacional da Luta Contra a Dor.

 

Duarte Correia explicou que os trabalhos contaram com Francisco Robaina, membro fundador da Sociedade Espanhola da Dor e da Unidade de Tratamento da Dor Crónica e Neurocirurgia Funcional do Hospital Universitário Dr. Juan Negrín, em Las Palmas, Gran Canária, e que além de sensibilização, tiveram como objectivo dar instrumentos para uma primeira intervenção dos técnicos de saúde, que exercem no SESARAM.

 

O objectivo último da Unidade da Dor, directa e indirectamente, é dar qualidade de vida aos doentes, o que passa por assegurar-lhes funcionalidade. É preciso que, em especial a generalidade da população, se consciencialize de que não há necessidade de “sofrer com paciência”. A Medicina já consegue dar respostas muito satisfatórias, em grande parte dos casos, o que implica, a jusante, ganhos sociais. Por exemplo, uma pessoa com lombalgia (dores nas costas) vai, provavelmente, ter dificuldade em trabalhar de forma eficiente, podendo mesmo provocar o absentismo laboral.

 

Custos de 1,5 e 2% do PIB

 

A nível mundial, nos países industrializados, as estimativas são que a dor tenham um impacto de 1,5 a 2% do PIB. Uma estimativa que inclui os tratamentos e as consequências económico-sociais da dor, nomeadamente, o já referido absentismo laboral (faltas, por um lado, baixas e não contribuições temporárias, por outro).

 

Um dos temas da Sessão Clínica, de ontem, foi a Dor Crónica pós-Operatória. À partida, parece haver um contra-senso, por uma cirurgia dar origem a dor crónica. Duarte Correia explica que isso pode acontecer, mesmo quando os procedimentos são feitos da forma indicada e correm bem. Mas essa é uma situação muitas vezes incompreendida pelos doentes e que está na origem de muitos conflitos entre os utentes dos serviços de saúde e as instituições prestadoras dos mesmos. Pode inclusivamente, ficar uma dor residual, que não apareceria no trajecto normal da doença (patologia).

 

Equipa multidisciplinar atende 30 doentes por dia

 

O Centro Multidisciplinar de Medicina da Dor conta com uma equipa multidisciplimar, que atente, em média, mais de 30 doentes por dia. Duarte Correia garante ao DIÁRIO que não há lista de espera significativa por consultas. Os doentes oncológicos são vistos por um médico na semana em que são referenciados. Quanto ao demais utentes do SESARAM, neste momento, existem marcações para o final de Novembro. Prazos que, garante o director do Serviço, cumprem as regras internacionais, que se aplicam ao sector.

 

Para todos o trabalhos, o Centro conta directamente com cinco médicos, quatro enfermeiros e uma psicóloga clínica. A estes, juntam-se profissionais de áreas conexas, como a neurologia, mas não só, e profissionais da área social. Este é um aspecto que não deve ser negligenciado, por assumir papel determinante nos bons resultados clínicos.

 

In “Diário de Notícias”