São registados cerca de 300 novos casos de cancro da pele, por ano, na Madeira. O mais perigoso é o melanoma. Já houve oito casos este ano.

 

Há três tipos essenciais de cancro da pele: o basalioma, o carcinoma espino-celular e o melanoma maligno. 

 

Nos últimos anos, o cancro da pele tem aumentado na Madeira e atingido pessoas cada vez mais jovens. A estatística regional revela que o melanoma tem vindo a surgir no grupo etário dos 20 aos 30 anos, aumentando a partir dessa idade, mas sendo mais frequente depois dos 50 anos.

 

Anabela Faria, diretora do Serviço de Dermatologia do Hospital dos Marmeleiros, explica que as pessoas mais velhas são mais afetadas não por serem menos cautelosas na exposição ao sol nessa época das suas vidas, mas porque a pele tem “memória” e só mais tarde se ressente da agressão solar a que foi sujeita.

 

Há três tipos essenciais de cancro da pele: o basalioma, o carcinoma espino-celular e o melanoma maligno. O primeiro, mais vulgar, tem origem nas células da camada basal da epiderme; o segundo também é comum e surge nas células da epiderme das camadas intermédias do epitélio pavimentoso estratificado; já o terceiro é o cancro da pele mais perigoso e um dos tumores malignos mais agressivos da espécie humana.

 

Neste momento, a incidência do basalioma e do carcinoma espino-celular na Madeira é de 100 novos casos por cada 100.000 habitantes, por ano, enquanto as ocorrências de melanomas malignos são de 10 novos casos, para o mesmo universo de habitantes. Ora, como a população madeirense é de cerca de 267 mil residentes, de acordo com os Censos de 2011, significa que estatisticamente a Região Autónoma da Madeira terá aproximadamente 300 novos cancro da pele, todos os anos.

 

Ao Hospital dos Marmeleiros chegam cerca de 200 novos casos de basalioma e carcinoma espino-celular e cerca de 20 melanomas, por ano. Só nos primeiros “ De acordo com a diretora do Serviço de Dermatologia do Hospital dos Marmeleiros, Anabela Faria, os casos de basalioma e carcinoma espinocelular são mais frequentes, mas não são tão graves como os de melanoma. meses deste ano há o registo de oito melanomas. Acresce, no entanto, que a estes valores importa somar os outros doentes que são detetados e tratados no sistema privado.

 

O cenário preocupante que é traçado sobre o aumento dos casos de cancro da pele na Madeira acompanha a realidade nacional.

 

Desde que detetado e tratado no início, o basalioma tem 100% de cura. Também o carcinoma espino-celular, se diagnosticado precocemente, tem uma cura superior a 90%, embora nos casos mais graves possa metastisar. Já o melanoma, se não for cuidado atempadamente, tem um prognóstico grave, podendo matar.

 

A médica aconselha as pessoas a fazerem a observação do seu corpo para detetarem precocemente as alterações de sinais. Existe, aliás, uma mnemónica conhecida pelas primeiras letras do alfabeto “A, B, C, D, E”, em que uma pessoa deve procurar sinais de aspeto “assimétrico”, com bordo “irregular”, que apresente várias “cores” e tenha mais de cinco milímetros de “diâmetro” e a uma rápida “evolução”. Anabela Faria refere ainda que geralmente são necessários mais do que um destes critérios para haver alerta e ir ao dermatologista. Mas, na dúvida, o doente «deve procurar ajuda», adverte.

 

A pele é um órgão fácil de observar. Enquanto o basalioma e o carcinoma espino-celular aparecem habitualmente em áreas expostas de pessoas com 50 ou mais anos que estiveram muitos anos ao sol, o melanoma apresenta características, prognósticos e até faixas etárias diferentes, pois tem fatores genéticos, depende da presença de mais de 50 nevos (atípicos), de antecedentes na família e, naturalmente, do excesso de exposição solar ao longo da vida.

 

Riscos podem chegar mais tarde

 

Toda a radiação ultravioleta que a pele apanha é registada pelo organismo e é cumulativa ao longo dos anos. O facto de uma pessoa ter sofrido múltiplos escaldões até aos 20 anos e de nunca mais os ter tido até aos 50 anos é bom, mas pode não ser suficiente para se livrar de problemas. A radiação apanhada naquela época da sua vida, em que o sistema imunitário está mais imaturo, principalmente nas crianças, é, na verdade, registada pelo organismo. Daí que as pessoas que se exponham demasiado ao sol toda a vida tenham um maior foto-envelhecimento, o que é diferente do envelhecimento cronológico.

 

As pessoas com pele mais clara e que tenham ganhado mais sardas ao longo dos anos devem ser acompanhadas com maior atenção, mas as regras são para todos, embora uma pele mais escura tenha maior proteção natural.

 

Alberto Pita

 

In “Jornal da Madeira